A ARTE DA PRECE
Uma Antologia Ortodoxa
compilada pelo
Hegúmeno Chariton de Valamo
CAPÍTULO VI
GUERRA COM AS PAIXÕES
de vários autores
(iii) TRABALHO, INTERNO E EXTERNO
Trabalho interno
A menos que um homem seja auxiliado pelo trabalho interno, de acordo com a vontade de Deus, ele trabalha em vão naquilo que é externo.
S. BARSANÚFIO E S. JOÃO
Inner work (p. 233)
Unless a man is assisted by inner work according to the will of God, he labours in vain at what is external.
STS. BARSANOUPHIOS AND JOHN
Folhas e frutos
Um irmão perguntou ao Abade Agathon : ‘Diga-me, Abba , o que é maior, o trabalho físico ou a proteção do que reside dentro?’ Abba respondeu: ‘O homem é como uma árvore; o trabalho físico é como se fosse as suas folhas e a guarda daquilo que está dentro é como se fosse seus frutos. Agora, no Evangelho é dito: “Toda árvore que não produzir bom fruto será cortada e lançada ao fogo.” (Mateus. iii. 10): claramente, então, todo nosso cuidado deveria estar sobre o fruto, isto é, sobre a vigilância da mente. Mas nós também precisamos da proteção e do adorno das folhas, isto é, o trabalho físico. ’
PROVÉRBIOS DOS PADRES
Leaves and fruit (p.233)
A brother asked Abba Agathon: 'Tell me, Abba, which is greater, physical work or guarding what lies within?' The Abba replied: 'Man is like a tree; physical work is the leaves and guard¬ing what lies within is the fruit. Now it says in the Gospel, "Every tree which bringeth not forth good fruit is hewn down and cast into the fire" (Matt. iii. 10): clearly, then, all our care should be about the fruit, that is, about guarding the mind. But we also need the protection and adornment of leaves, that is, physical work.'
SAYINGS OF THE FATHERS
As duas ordens de vida em um monastério
Duas ordens de vida acontecem em um monastério: uma externa, a outra interna. As regras impostas em um monastério estão todas relacionadas com a vida externa. Estas regras são necessárias, simplesmente, porque trazemos para um monastério tanto nossos corpos quanto nossas almas: mas o trabalho de salvação da alma deve prosseguir, à sua própria maneira, lado a lado com estas regras externas. Se um homem não percebe isto ele pode se afastar dos primeiros passos da vida monástica, considerando que estas regras e deveres são inconsistentes com o seu propósito e sua inclinação. Por outro modo, enquanto permanece no monastério, pode achar que o todo da vida monástica está contido nesta regras. Neste caso, ele se esforçará em vão não dando um só passo em direção à purificação e à perfeição de sua alma.
Dedique-se a uma vida onde mãos e pés fazem uma coisa, enquanto a alma, em seu desejo pela salvação, está ocupada com algo mais.
TEÓFAN, O RECLUSO
The two orders of life in a monastery (p. 233)
Two orders of life go on in a monastery: one external, the other internal. Rules imposed in a monastery all relate to the external life. These rules are necessary simply because we bring our bodies into a monastery as well as our souls: but the work of the soul's salvation must proceed in its own way side by side with these exterior rules. If a man does not realize this he may turn away from the first steps of the monastic life, considering these rules and tasks inconsistent with his purpose and his inclination. Alternatively, while remaining in the monastery, he may think that the whole of the monastic life is contained in these rules. In this case he will strive in vain, making not a single step towards the purification and perfection of his soul.
Dedicate yourself to a life where hands and feet do one thing, while the soul in her desire for salvation is occupied with some¬thing else.
THEOPHAN THE RECLUSE
Monastério de Santa Catarina – Monte Sinai – Egito
O principal inimigo da vida em Deus
O principal inimigo da vida em Deus é uma profusão de preocupações mundanas. Esta profusão de preocupações lança um homem numa interminável roda de atividades seculares. Todos os dias, de manhã até a noite, ela o conduz de um trabalho a outro, não lhe dando um só momento de descanso, não lhe deixando tempo para dirigir-se a Deus e permanecer, por um momento, elevado em oração a Ele.
Esta profusão de preocupações não tem lugar entre os monges. Aqueles que entendem isto entram para um monastério, simplesmente, para livrarem-se desta tortura de preocupações. E eles se livram. Quando a multidão de problemas desaparece, a mente e o coração são deixados completamente livres; e não há nada que os impeça de permanecer em Deus, tendo sua alegria Nele. Aqueles que praticam a vida monástica, em um modo inteligente, rapidamente obtêm sucesso nisto e tornam-se firmemente estabelecidos em seus propósitos. Tudo o que resta, depois, é manter este tesouro livre das preocupações; e tais pessoas, de fato, conseguem mantê-lo. Cada monge ou freira tem uma tarefa a ser executada no curso das vinte e quatro horas. Visto que estas tarefas são uma questão de rotina, elas não demandam qualquer atenção especial; e assim as mãos podem estar trabalhando, enquanto a mente conversa com Deus e assim alimenta o coração. Esta norma para a ordem interna das coisas foi, muito tempo atrás, recomendada por Santo Antônio, o Grande. Assim, você vê que mesmo os monges têm uma vida ativa, similar à vida ativa dos homens seculares. É esta liberação da ansiedade, resultante da sequência ordenada da vida monástica, que os capacitam a reterem-se firmes em suas metas – em outras palavras, permanecerem constantemente com Deus e em Deus.
TEÓFAN, O RECLUSO
The chief enemy of life in God (p.234)
The chief enemy of life in God is a profusion of worldly cares. This profusion of cares impels a man into an endless round of secular activities. Every day, from morning till night, it drives him from one job to another, not giving him a moment's rest, leaving him no time to turn to God and to remain for a while uplifted in prayer to Him.
This profusion of cares has no place among monks. Those who understand this enter a monastery simply in order to free them¬selves from this torture of cares. And they are freed. When the multitude of cares subsides, the mind and heart are left completely free and there is nothing to hinder them from remaining in God and taking their joy in Him. Those who practise the monastic life in an intelligent way, quickly gain success in this and become firmly established in their purpose. All that remains thereafter is to maintain this treasure of freedom from cares; and such people do in fact manage to maintain it. Every monk or nun has a task to carry out in the course of the twenty-four hours. Since these tasks are a matter of routine, they do not demand any special attention; and so the hands can be at work while the mind converses with God and thus feeds the heart. This norm for the inner order of things was long ago recommended by St. Antony the Great. So you see that even monks have an active life, similar to the active life of laymen. Only their activities are not accompanied by the multitude of cares which gnaw at the minds of laymen. It is this freedom from anxiety, resulting from the ordered sequence of the monastic life, that enables them to hold fast to their aim— in other words, to remain constantly with God and in God.
THEOPHAN THE RECLUSE
Paulo, O Apóstolo – Ícone Russo – Séc. XIII
Paz interior e saúde corporal
Não negligencie o fato de que saúde não depende somente de comida, mas, acima de tudo, de paz interior. A vida em Deus, separando-nos do tumulto mundano, traz paz ao coração e, através disto, também mantém o corpo em boa saúde.
As atividades não são a principal coisa na vida. O mais importante nela é ter o coração direcionado e sintonizado com Deus.
TEÓFAN, O RECLUSO
Inner peace and bodily health (p.235)
Do not overlook the fact that health does not depend on food alone, but above all on inner peace. Life in God, cutting us off from worldly turmoil, brings peace to the heart and, through this, keeps the body also in good health.
Activities are not the main thing in life. The most important this is to have the heart directed and attuned to God.
THEOPHAN THE RECLUSE
Contemplação e ação devem seguir lado a lado
Nós não podemos nos limitar somente a uma vida ativa, mas deveríamos combiná-la com ocupações intelectuais, de modo que, com a ajuda delas, a gente possa, sem quaisquer remorsos, manter o estado interno na sua justa ordem. Deveríamos, invariavelmente, conectar a contemplação com a ação e a ação com a contemplação. Quando estas duas estão assim reunidas elas rapidamente possibilitam o avanço da alma, limpando-a do mal e fortalecendo-a no bem. Veja os escritos do Abba João Colobos e do Abba Poimén , porém o mesmo ensinamento pode ser encontrado em todos os escritores ascetas.
TEÓFAN, O RECLUSO
Contemplation and action must go hand in hand (p. 235)
We cannot limit ourselves to the active life alone, but should combine it with intellectual occupations, so that with their help we can remorselessly keep the inner state in its right order. We should invariably link contemplation to action and action to con¬templation. When the two are so joined they quickly enable the soul to advance, cleansing it from evil and strengthening it in good. See the writings of Abba John Kolobos and Abba Poemen; but the same teaching can also be found in all the ascetic writers.
THEOPHAN THE RECLUSE
Cidade de São Paulo
Vivendo a vida contemplativa no mundo
Existem dois caminhos para se tornar uno com Deus: o caminho ativo e o caminho contemplativo. O primeiro é para Cristãos que vivem no mundo, o segundo para aqueles que abandonaram todas as coisas mundanas. Mas, na prática, nenhum dos caminhos pode existir em total isolamento do outro. Aqueles que vivem no mundo também devem se manter no caminho contemplativo em alguma medida. Como lhe disse antes, você deveria habituar-se a sempre se lembrar do Senhor e a sempre caminhar diante da Sua face. Isto é o que se entende por caminho contemplativo.
A questão surge: como podemos sustentar o Senhor em nossa atenção enquanto nos ocupamos com várias atividades? Eis como isso pode ser feito: qualquer que seja sua ocupação, pequena ou grande, reflita que é o Senhor onipresente quem lhe ordena a executá-la e quem lhe observa para ver como você a está realizando. Se mantiver este pensamento constantemente em sua mente, você irá, atentamente, completar todas as tarefas que lhe forem designadas e, ao mesmo tempo, irá lembrar-se do Senhor. Nisto reside todo o segredo da conduta Cristã para alguém que está na sua posição; se quiser ser bem sucedido em sua meta principal. Por favor, pense cuidadosamente sobre isto e ajuste-se a esta prática. Quando assim tiver feito, seus pensamentos deixarão de perambular por aí.
Por que as coisas não estão indo bem consigo agora? Acho que é porque você deseja lembrar-se do Senhor, esquecendo-se dos negócios mundanos. Mas, os negócios mundanos introduzem-se em sua consciência e tiram-lhe a lembrança do Senhor. O que deveria fazer é exatamente o contrário: deveria ocupar-se com negócios mundanos, mas considerá-los como um pedido do Senhor, como algo feito em Sua presença. Como as coisas estão agora, você fracassa tanto no nível espiritual como naquele material. Mas, se agir como expliquei, as coisas irão bem em ambas as esferas.
TEÓFAN, O RECLUSO
Living the contemplative life in the world (p.235)
There are two ways to become one with God: the active way and the contemplative way. The first is for Christians who live in the world, the second for those who have abandoned all worldly things. But in practice neither way can exist in total isolation from the other. Those who live in the world must also keep to the contemplative way in some measure. As I told you before, you should accustom yourself to remember the Lord always and to walk always before His face. That is what is meant by the contemplative way.
The question arises: how can we hold the Lord in our atten¬tion while busy with various activities? This is how it can be done. Whatever your occupation, great or small, reflect that it is the omni-present Lord Himself who orders you to perform it and who watches to see how you are carrying it out. If you keep this thought constantly in mind you will fulfil attentively all the duties assigned to you and at the same time you will remember the Lord. In this lies the whole secret of Christian conduct for one in your position, if you are to succeed in your chief aim. Please think it over carefully and adjust yourself to this practice. When you have done this your thoughts will cease to wander hither and thither.
Why is it that things are not going well with you just now ? I think it is because you wish to remember the Lord, forgetting worldly affairs. But worldly affairs intrude into your conscious¬ness and push out the remembrance of the Lord. What you should do is just the reverse: you should busy yourself with worldly affairs, but think of them as a commission from the Lord, as something done in His presence. As things are now, you fail both on the spiritual and on the material level. But if you act as I have explained, things will go well in both spheres.
THEOPHAN THE RECLUSE
Catedral da Sé – São Paulo
O corpo no trabalho, o pensamento com Deus
O corpo no trabalho, mas o pensamento com Deus – tal deveria ser o estado de um verdadeiro Cristão.
Deveríamos pôr em ordem o nosso estado interior tão logo abrimos os olhos a cada manhã. Neste mesmo estado de ordem interior, deveríamos nos manter por todo o dia, e, à noite, aquecê-lo e fortalecê-lo e assim adormecer. É uma coisa boa impor limites às nossas afeições pessoais, evitando amizades particulares, e fazendo com que todas as nossas relações com os outros sejam da mesma natureza. Quando a oração interior chega, ela pode, parcialmente, substituir o comparecimento à igreja. Ainda assim, nada aumenta mais o fervor da oração interior do que estar na igreja.
TEÓFAN, O RECLUSO
The body at work, the thought with God (p.236)
The body at work but the thought with God—such should be the state of a true Christian.
We should set in order our inner state as soon as we open our eyes each morning. In this same state of inner order we should keep ourselves all day, and in the evening warm and strengthen it and so fall asleep. It is a good thing to set limits to our personal affections, avoiding particular friendships, and making all our relationships with others of the same nature. When inner prayer comes, it can partially replace attendance in church. Yet nothing increases the fervour of inner prayer so much as being in church.
THEOPHAN THE RECLUSE
Livre de preocupações
Esforce-se para manter seus pensamentos em ordem com relação às inquietações mundanas. Tente chegar num estado no qual seu corpo pode cumprir seu habitual trabalho, enquanto o deixa livre para sempre estar com o Senhor em espírito. O Senhor misericordioso o livrará das preocupações, e onde esta liberdade prevalece tudo é feito no seu próprio tempo, e nada é uma preocupação ou um fardo. Busque, peça – e isto lhe será dado.
TEÓFAN, O RECLUSO
Freedom from cares (p.237)
Strive to keep in order your thoughts about worldly concerns. Try to arrive at a state in which your body can carry out its usual work, while leaving you free to be always with the Lord in spirit. The merciful Lord will give you freedom from cares, and where this freedom prevails everything is done in its own time, and nothing is a worry or a burden. Seek, ask—and it will be given.
THEOPHAN THE RECLUSE
A necessidade de invisibilidade
Tente realizar todos os seus esforços ascéticos, quaisquer que sejam eles, de tal modo que ninguém no monastério saiba a respeito. Se outras pessoas se informam sobre qualquer um deles, isto já é uma coisa ruim. Não considere que a invisibilidade – evitar que outros vejam ou saibam – não seja algo estritamente necessário. Não, é realmente estritamente necessário. Esforço espiritual, se exibido por aí, é vazio e sem valor.
TEÓFAN, O RECLUSO
The need of concealment (p.237)
Try to carry out all your ascetic endeavours, whatever they may be, in such a way that no one in the monastery knows about them. If other people learn about any of them, this is already a bad thing. Do not regard concealment—to prevent others from seeing or knowing—as something not strictly necessary. No, it is very strictly necessary indeed. Spiritual effort, if blazoned abroad, is empty and nothing worth.
THEOPHAN THE RECLUSE
Cristo Lavando os Pés de Pedro - Ford Madox Brown – 1852
Esforços ascéticos são meios, não fins. Nenhuma salvação sem humildade
Trabalhos externos e esforços ascéticos são meios, e não fins em si mesmos; eles são úteis somente quando nos trazem para nossa meta e, expressivamente, contribuem com ela. Não permaneça com eles em seus pensamentos como se fosse algo importante. Nossos sentimentos e disposições internas são a principal coisa. Volte toda a sua atenção para eles, uma vez que estabeleceu sua condição de vida exterior. Acima de tudo, preserve a humildade e ore para que ela lhe seja dada, e encontre falhas em você tão frequentemente quanto possa, de modo a conseguir a humilhação de si mesmo. Tão logo acorde, tente perceber sua nulidade, e então lute para permanecer com este sentimento durante todo dia. Humilhe-se, ainda mais, quando diante do Senhor. Quem sou eu, e a Quem tenho a audácia de endereçar-me com voz humana? Alegre-se se ocorrer de encontrar uma humilhação externa que não veio através da sua própria busca. Aceite-a como uma misericórdia especial de Deus. Tome como um critério que ao estar ofendido consigo mesmo você está num bom estado. Mas, assim que um sentimento de auto-satisfação infiltrar-se, não importa quão sutilmente, e você começar a se avaliar em alta conta, saiba que não está em um estado correto e comece a reprovar-se. Por causa do Senhor, peço-lhe, não se esqueça disto. Se a humilhação de si mesmo está faltando todo o restante é nada. Houve pessoas que obtiveram a salvação apenas pela humildade, sem esforços ascéticos. Mas sem humildade ninguém jamais foi salvo ou ninguém jamais será salvo.
TEÓFAN, O RECLUSO
Ascetic efforts are means, not ends. No salvation without humility (p.237)
External labours and ascetic endeavours are means, and not ends in themselves; they are valuable only when they bring us to our aim and contribute expressly to it. Do not dwell on them in your thoughts as though they were something important. The main thing is our feelings and inward dispositions. Turn your whole attention to these, once you have established your exterior order of life. Above all preserve humility and pray to be given it, and find fault with yourself as often as you can, so as to attain self-abasement. As soon as you wake up, try to realize your own worthlessness, and then strive to remain in this feeling all day. Abase yourself even more when facing the Lord in prayer. Who am I, and Whom have I the temerity to address in human speech? Rejoice if you happen to meet with external humiliation that is not of your own seeking. Accept it as a special mercy of God. Make it your criterion that when you are displeased with yourself you are in a good state. But as soon as a feeling of self-satisfaction creeps in, however slight, and you begin to rate yourself highly, know that you are not in a right state and begin to reprove yourself. For the Lord's sake, I pray you, do not forget this. If self-abase¬ment is lacking all the rest is nothing. There have been people who attained salvation by humility alone, without ascetic endeavours. But without humility no one has ever been saved or ever will be saved.
THEOPHAN THE RECLUSE
Reforma da Catedral da Sé – São Paulo
Os andaimes e a construção
Pense o mínimo possível a respeito de feitos ascéticos externos. Embora eles sejam necessários, eles não são nada mais que andaimes dentro dos quais a construção está sendo erguida. Eles não são a própria construção, a construção está no coração. Volte toda a sua atenção, pois, para aquilo que está sendo feito no coração.
O primeiro pensamento tentador que lhe começará a atacar será a auto-satisfação ou auto-importância. A isto se seguirá o elogio de si mesmo, o soar da sua própria trombeta, e a seguir virá a arrogância diante dos outros. Compreenda a natureza destas tentações. Leia S. Macário, o Grande e, em especial, a Escada de João Clímaco, onde muito foi escrito sobre a discriminação entre os pensamentos. Uma única e mesma ação pode ser tanto agradável como desagradável a Deus, dependendo dos pensamentos que a acompanham. Aprenda destes seus ensinamentos.
TEÓFAN, O RECLUSO
The scaffolding and the building (p.238)
Think as little as possible about external ascetic feats. Although they are necessary, they are nothing but a scaffolding inside which the building is erected. They are not the building itself; the building is in the heart. Turn all your attention, then, on what is to be done in the heart.
The first tempting thought which will begin to attack you will be self-satisfaction or self-righteousness. It will be followed by inner self-praise, by blowing your own trumpet, and after this by arrogance before others. Understand the nature of these temptations. Read St. Makarios the Great and especially the Ladder of St. John Climacus, where much is written about discrimination between thoughts. One and the same action may be either pleasing or displeasing to God, depending on the thoughts that accompany it. Learn from their teachings.
THEOPHAN THE RECLUSE
Eva depois da Queda – (Frente e Verso) - Rafaelle Monti - 1851
Distração e fascinação do coração. Por que às vezes nos sentimos tristes
Você me conta que fica sujeito a distração. Este é o primeiro ataque do inimigo, prejudicial à nossa ordem interior. Quando você entra em comunicação com outras pessoas ou se ocupa com assuntos seculares, faça de tal modo que você ainda possa lembrar-se do Senhor ao mesmo tempo. Aja e fale sempre com a consciência de que o Senhor está perto e conduz tudo de acordo com Seu prazer. Portanto, se há alguma coisa que exige sua atenção, prepare-se de antemão de modo a não se afastar do Senhor no curso do seu cuidado a ela, mas que permaneça em Sua presença todo o tempo. Você deve orar para que isto lhe seja concedido. É certamente possível adquirir este hábito; simplesmente faça dele uma regra para que, de agora em diante, aja desta maneira.
A segunda cilada do inimigo, que nos impede de habitar dentro, é o apego do coração a alguma coisa em particular, e sua fascinação por este objeto. Isto é pior que a distração. Fascinação deste tipo não aconteceu, de fato, em seu caso e você logo retornou à sua condição anterior. Mas se seu coração tivesse se apegado a algo, você teria uma longa e arrastada luta para se fazer livre. Neste caso, primeiramente, teria sido necessário arrancar seu coração da coisa a que ele se apegou, e, em segundo lugar, gerar uma repulsa contra ela. Mantenha isso em mente e proteja-se, de todas as maneiras, contra a distração e, ainda mais, contra a fascinação do coração. O remédio é um único e mesmo – não deixar a atenção afastar-se do Senhor e da consciência de Sua presença.
Por que uma longa conversa com alguém o faz sentir-se triste depois? Porque durante a conversa sua atenção afasta-se do Senhor. Isto é inaceitável ao Senhor e Ele o torna ciente disto deixando-o triste. Qualquer coisa que esteja fazendo, habitue-se a estar incessantemente com o Senhor e faça todas as coisas para Ele, esforçando-se para harmonizá-las com Seus mandamentos. Então, você nunca se sentirá triste pois saberá que sempre está fazendo Seu trabalho.
TEÓFAN, O RECLUSO
Distraction and captivation of the heart. Why we sometimes feel sad (p. 238)
You tell me that you are subject to distraction. This is the first attack of the enemy which is harmful for our inner order. When you enter into communication with other people or busy your-self with secular affairs, do so in such a way that you still remem¬ber the Lord at the same time. Act and speak always with the awareness that the Lord is near and directs everything according to His pleasure. Therefore, if there is something that requires your attention, prepare yourself beforehand so that you will not be withdrawn from the Lord in the course of attending to it, but will remain in His presence all the while. You should pray to be granted this. It is certainly possible to acquire this habit; simply make it a rule from now on always to act in this way.
The second snare of the enemy that prevents us from dwelling within, is the cleaving of the heart to some particular thing, and its captivation by this object. This is worse than distraction. Captivation of this type did not in fact happen in your case and you soon returned to your former condition. But if your heart had cleaved to something, you would have had a long drawn-out struggle to shake yourself free. In that case it would have been necessary first to tear the heart away from the thing it was cleaving to, and secondly to engender a revulsion against it. Keep this in mind and protect yourself in every way against distraction and, still more, against captivation of the heart. The remedy is one and the same—not to let the attention withdraw from the Lord and from consciousness of His presence.
Why does a long conversation with someone make you feel sad afterwards? Because during the conversation your attention withdraws from the Lord. This is unacceptable to the Lord and He makes you aware of it by rendering you sad. Accustom your¬self to be with the Lord unceasingly, whatever you may be doing, and do everything for Him, striving to bring it to harmony with His commandments. Then you will never feel sad, for you will know that you are always doing His work.
THEOPHAN THE RECLUSE
A Conversão de São Paulo – Caravaggio – 1600
Trabalhe com suas mãos, e ainda assim permaneça com Deus na mente e no coração
Qualquer coisa que lhe seja dita para fazer, faça-a sem argumentação interna, com completa boa vontade, como se fosse um comando de Deus. Coloque essas palavras, que eu sublinhei, profundamente em seu coração e aja no espírito delas. Aceite cada ordem como vinda diretamente do Próprio Deus, e execute-a com todo zelo e atenção, como um trabalho dado por Deus e executado em Sua presença. Aja como se não estivesse obedecendo aos homens, mas a Deus que a tudo vê; e permaneça com o temor do julgamento que se espera àqueles que executam o trabalho de Deus negligentemente. (Jer. xlviii. 10) Por favor, mantenha isto firmemente em sua mente.
E, agora, considere a mudança dos desígnios de Deus em relação a você, de modo a evitar agir de maneira contrária à intenção de Deus. Qual era a sua posição antes? Na igreja você se mantinha afastado, à vontade, com nada para fazer exceto orar e confortar-se com o calor da prece. Em sua cela também, a principal coisa era orar e só orar. Agora, na igreja, você tem trabalho a fazer, e em seu quarto também tem trabalho a fazer. Você acha que não há razão para isto? Longe disso. O Senhor está lhe oferecendo a chance de mover-se adiante para um segundo estágio. Antes, você passava seu tempo em ardente oração, sem quaisquer ocupações impostas pela regra monástica. Agora, você tem que aprender a permanecer em oração como antes, só que com a adição destas ocupações. É isto o que o Senhor lhe pede. Procure fazê-lo. Antes, você tinha algum trabalho para fazer, mas agora você tem muito mais. Você deve fazer aquilo que tem para fazer e, ao mesmo tempo, não permitir que sua mente afaste-se do Senhor; isto é, você deve permanecer como se estivesse de pé na oração. Este deve ser seu princípio diretor: trabalhe com suas mãos e ainda assim permaneça com Deus na mente e no coração. Escreva, mas não permita que sua mente afaste-se de Deus, e não permita que o calor de sua prece diminua, ou que sua sobriedade se enfraqueça. O mesmo deve acontecer quando auxilia na igreja. A experiência lhe ensinará como ser bem sucedido nisto. E desta maneira você adquirirá nova experiência e nova força para permanecer dentro.
TEÓFAN, O RECLUSO
Work with your hands, and yet remain with God in mind and heart (p.239)
Whatever you are told to do, do it without inner argument, with complete willingness, as though it were a command from God. Set these words which I have underlined deep in your heart and act in their spirit. Accept every order as coming directly from God Himself, and execute it with all zeal and attention as a work given by God and performed in His presence. Act as though you were obeying not men but the all-seeing God; and stand in fear of the judgement which awaits those who do the work of God negligently (Jer. xlviii. 10). Please keep this firmly in your mind.
And now consider the change in God's design concerning you, so as to prevent yourself from acting in a way contrary to God's intention. What was your position before? In church you stood apart, at your ease, with nothing to do except pray and comfort yourself with the warmth of prayer. In your cell too, the chief thing was prayer and prayer alone. Now in church you have work to do, and in your own room also you have work to do. Do you think there is no reason for this? Far from it. The Lord is offering you the chance of moving forward to a second stage. Before, you spent your time in fervent prayer, without any occu¬pations being imposed by the monastic rule. Now you have to learn to remain in prayer just as before, only with the addition of occupations. That is what the Lord asks from you. Contrive to do it. You had some work to do before, but now you have much more. You must do what you have to do, and at the same time not allow your mind to withdraw from God; that is, you must be as though you were standing at prayer. This must be your guiding principle: work with your hands and yet remain with God in mind and heart. Write, but do not let your mind withdraw from God, and do not allow your warmth of prayer to lessen, or your sobriety to weaken. The same must happen when you assist in church. Experience will teach you how to succeed in this. And in this way you will acquire new experience and new strength in remaining within.
THEOPHAN THE RECLUSE
A Conversão de São Paulo – Michelangelo Buonarroti – Capela Paolina – Vaticano - 1542-45
Verdadeira obediência por causa do Senhor
Você nomeou obediência relutante como: ‘obediência mecânica’. Na realidade, a única espécie de obediência que efetivamente forma nosso caráter é a obediência executada contra nossa própria vontade e nossas próprias idéias.
Se você faz algo porque este é o jeito no qual seu coração está inclinado, onde está a obediência? Você está meramente seguindo sua própria vontade e seus próprios sabores. Se identifica suas motivações, você torna esta ação auto-motivada ligeiramente melhor. Mas, na verdadeira obediência obedece-se sem ver a razão para fazer aquilo que lhe foi dito, e a despeito da sua própria relutância. Uma benção especial é prometida a tal obediência – a benção de ser mantido livre de todo prejuízo quando o dever que lhe foi imposto for concluído. Quando esta obediência é executada por causa do Senhor, então o Senhor toma Seu obediente servo sob Seu próprio cuidado e cuida dele.
TEÓFAN, O RECLUSO
True obedience for the sake of the Lord (p.240)
You have termed unwilling obedience ‘mechanical obedience’. In actual fact, the only kind of obedience that effectively shapes our character is obedience performed against our own will and our own ideas.
If you do something because that is the way your heart is inclined, where is the obedience ? You are merely following your own will and your own tastes. If you recognize your motives, you make such self-willed action slightly better. But in true obedience you obey without seeing the reason for what you are told to do, and in spite of your own reluctance. A special blessing is promised for such an obedience—the blessing of being pre¬served free from all harm when the duty imposed on you is fulfilled. When this obedience is performed for the sake of the Lord, then the Lord takes His obedient servant under His own care and looks after him.
THEOPHAN THE RECLUSE
Inquestionável obediência é mais valiosa do que qualquer feito ascético
Você pensou que as coisas estavam melhores quando você não era requerida, sob obediência, a fazer trabalho de secretariado. Você engana a si mesma. A inquestionável obediência que vai contra nossas inclinações é mais valiosa do que qualquer feito ascético: pode ser prejudicial somente quando praticada de maneira imprudente e, geralmente, superficial como o foi por você. Na verdade, o Senhor sempre recompensa o trabalho de abnegação. Você não parece nada incomodada por esta tua resistência contra o dever da obediência. Ontem você fez o juramento de obedecer a Abadessa em tudo, e agora se recusa a suportar um leve dever para o qual você está bem preparada. É esta a maneira de cumprir um voto? O voto da obediência é a sua aliança com o convento, a base da sua vida como freira. E agora esta aliança foi rompida, e você atirou-se para fora da ordem na qual já tinha colocado um pé. Deveria arrepender-se e derramar lágrimas sobre isso. Pois como resultado, sua ordem interior está obrigada a se desfazer e talvez já tenha sido pilhada, muito embora, externamente, possa parecer estar em processo de formação. Por isto você deve fazer penitência.
Você precisa fazer três prostrações ao mesmo tempo, pedindo ao Senhor, com lágrimas, para lhe perdoar por sua falsidade e desobediência, ao prometer uma coisa em palavras e ter feito algo completamente diferente na ação. Arrependa-se deste pecado em confissão: é um pecado não só meramente de intenção, mas de fato. Ore a Deus para motivar sua superiora a lhe oferecer a mesma submissão uma vez mais. Quando ela novamente lhe for dada, pare as prostrações.
TEÓFAN, O RECLUSO
Unquestioning obedience is more valuable than any ascetic feat (p.241)
You thought that things were better when you were not re¬quired under obedience to do secretarial work. You deceive yourself. Unquestioning obedience which goes against our inclina¬tions is more valuable than any ascetic feats: it can be harmful only when practised in an ill-judged and generally superficial way, as it was by you. In actual fact the Lord always rewards the labour of self-denial. You do not seem at all disturbed by this resistance of yours against the duty of obedience. Yesterday you took the vow to obey the Abbess in everything, and now you refuse to bear a light duty for which you are well fitted. Is this the way to carry out a vow ? The vow of obedience is your covenant with the convent, the very basis of your life as a nun. And now this covenant is destroyed, and you have cast yourself out of the order into which you had already stepped with one foot. You should repent and shed tears over this. For as a result of this your inner order is bound to be disarrayed and perhaps has been despoiled already, even though externally it may seem to be in the process of formation. For this you must do penance.
You are to make three prostrations at a time, begging the Lord with tears to forgive you for your deceitfulness and disobedience, in promising one thing in words while in deed doing something entirely different. Repent of this sin in confession: it is a sin not merely of intention but of fact. Pray God to move your superior to give you the same obedience once more. When it is again given you, stop the prostrations.
THEOPHAN THE RECLUSE
Ananias Restaurando a Visão de Paulo – Pietro da Cortona - 1631
São Paulo Pregando em Atenas – Raffaelo Sanzio – 1515
Um banho de lama curativo
Você escreve: ‘Eu trabalho como um iniciante entre noviços.’ Eu não entendo a que tipo de trabalho você se refere; mas se o trabalho é bom ou desaconselhável depende inteiramente do espírito com o qual ele é executado. Observe este espírito e julgue o trabalho de acordo com isso.
Quando você percebe que está sendo caluniado, aceite: é um tipo de banho de lama curativo. Você faz bem em não perder este sentimento de fraternal amizade para com aqueles que estão aplicando este remédio em você.
TEÓFAN, O RECLUSO
A healing mud-bath (p.242)
You write: 'I work like a beginner among novices.' I do not understand what kind of work you mean; but whether work is good or inadvisable depends entirely on the spirit in which it is performed. Watch that spirit and judge the work accordingly.
When you find that you are being maligned, accept it: it is a kind of healing mud-bath. You do well not to lose the feeling of brotherly friendliness towards those who apply this medicine to you.
THEOPHAN THE RECLUSE
Demasiadamente absorvido no trabalho
Sua preguiça nas ocupações espirituais surge do entusiasmo com o qual você tem tomado o trabalho físico. Não seja demasiadamente levado pelo seu trabalho, ou sua cabeça ficará confusa. E se sua cabeça está confusa, seu coração ficará confuso também.
TEÓFAN, O RECLUSO
Too much absorbed in work (p.242)
Your laziness in spiritual occupations arises from the en¬thusiasm with which you have taken up physical work. Do not be too much carried away by your work, otherwise your head will become confused. And if your head is confused, your heart will become confused as well.
THEOPHAN THE RECLUSE
Trabalho manual
Trabalho manual conduz a humildade, preenche casuais intervalos, e evita o vagar dos pensamentos. Substituí-lo com prostrações é bom – esta é uma forma de trabalho melhor. Mas tal substituição é sempre possível? Os anacoretas do Egito sentavam-se trabalhando manualmente desde manhã até a noite. S. Isaac, o Sírio, por outro lado, não era favorável ao trabalho manual, dizendo que ele distraía a pessoa longe de Deus. Isto é verdadeiro para trabalhos complicados, mas trabalhos simples não prejudicam.
TEÓFAN, O RECLUSO
Manual labour (p.242)
Manual labour leads to humility, fills up odd intervals, and keeps the thoughts from wandering. To replace it with prostra¬tions is good—this is a better form of work. But is such a course always possible? The anchorites of Egypt sat at manual labour from morning to night, immersed in inner prayer and thoughts of God. They performed their external rule of prayer at night. St. Isaac the Syrian, on the other hand, does not favour manual labour, saying that it distracts one from God. This is true of complicated work but simple work does no harm.
THEOPHAN THE RECLUSE
São Paulo Escrevendo Suas Epístolas - Valentin de Boulogne – Sec. XVI
Apego excessivo às regras
Qualquer espécie e sequência de ocupações são boas, na medida em que elas ajudam a manter nossa atenção dirigida a Deus. Não há necessidade de descrever a quais ocupações faço referência. Se uma ocupação não enriquece nossa vida de oração, ela deveria ser abandonada e, ao invés, outra coisa ser escolhida. Por exemplo, você abre um livro e começa a lê-lo, mas as coisas não seguem bem; ponha este livro de lado e escolha outro. Se este também não está bom, pegue um terceiro. Se as coisas não seguem bem com este também, deixe de ler e faça prostrações ou medite. Você deve ter algum ofício manual que não distraia a sua atenção. Quando sua atenção em relação a Deus se desperta e a oração está seguindo dentro de você, é melhor não começar a fazer qualquer coisa – quero dizer, se está em casa– mas sentar-se ou caminhar um pouco, ou, melhor ainda, parar diante dos ícones e rezar. Quando a oração começa a enfraquecer-se, aumente seu fervor através da leitura ou da meditação. As regras são necessárias para aqueles que entram num monastério para fazê-los se acostumarem com as ocupações e atividades monásticas. Mas, mais tarde, quando eles obtiveram certas percepções internas e , em especial, calor no coração, as regras deixam de ser estritamente necessárias para eles. Falando em geral, não deveríamos estar muito apegados às regras, mas deveríamos assegurar certa liberdade a respeito delas, tendo apenas uma única intenção: manter nossa atenção direcionada em adoração a Deus.
Nosso corpo sempre deveria ser mantido tão firme quanto uma corda esticada, como um soldado na parada, e não deveríamos deixá-lo relaxar, e isto não somente ao caminhar ou sentar, mas também ao ficar de pé ou ao deitar.
Todas as coisas que temos para fazer, pequenas ou grandes, deveriam ser feitas como se o olho de Deus estivesse nos olhando. Cada visitante ou cada pessoa que encontramos deveria ser recebida como um mensageiro de Deus. A primeira questão que sempre deveríamos nos perguntar é: o que o Senhor deseja que eu faça para ou com esta pessoa? Deveríamos receber todos como se fossem a imagem de Deus, reverenciando-os e estando pronto para ajudá-los como podemos.
Falta de piedade consigo, disponibilidade para encarregar-se de qualquer serviço para os outros, e completa auto-entrega ao Senhor, permanecendo Nele, em oração – estas são as coisas que constroem a vida espiritual.
TEÓFAN, O RECLUSO
Excessive attachment to rules (p.243)
Any type and sequence of occupations is good, so long as it helps to keep our attention directed towards God. There is no need to describe what occupations I mean. If an occupation does not enrich our life of prayer, it should be abandoned and some¬thing else taken up instead. For instance, you open a book and begin to read, but things do not go right. Put this book aside and take up another. If that one is no good, take a third one. If things don't go well with this one either, drop reading and make prostrations or meditate. You should have some handicraft that does not distract the attention. When your attention towards God is awake and prayer is going on within you, it is better not to start doing anything—if at home, that is to say—but to sit or walk about, or, better still, to stand before the icons and pray. When prayer begins to grow weak, increase its fervour by read¬ing or meditation. Rules are necessary for those who enter a monastery, in order to make them accustomed to monastic activities and occupations. But later, when they have attained certain inner perceptions and especially warmth in the heart, rules cease to be strictly necessary for them. Generally speaking we should not be too much attached to rules, but should pre¬serve freedom in regard to them, having only one intention: to keep our attention directed in adoration towards God.
Our body should always be kept as tight as a string, like a soldier on parade, and we should not let it relax, and this not only when walking or sitting down, but also when standing up or lying down.
All the things we have to do, great or small, should be done as though the eye of God were looking at us. Every visitor or every person we meet should be welcomed as a messenger from God. The first question we should always ask inwardly is this: what does the Lord wish me to do with or for this person? We should receive everyone as though they were the image of God, reverencing them and ready to help them all we can.
Mercilessness towards self, willingness to undertake any service for others, and complete self-surrender to the Lord, abiding in Him in prayer—these are the things which build up spiritual life.
THEOPHAN THE RECLUSE
Atividades externas não devem distraí-lo do trabalho interno
Você abordou a questão das ocupações. Já que aquilo que faz não depende da regra monástica, mas da sua própria decisão, você pode dispor suas atividades de modo que elas não o distraiam do trabalho interno. Nesta direção segue o conselho de S. Isaac, o Sírio. Ele não é favorável ao trabalho manual e só o admite, ocasionalmente, quando há necessidade dele; pois ele distrai a atenção de nossa mente. Deveríamos, especialmente, nos treinar para evitar esta distração. Não fazer nenhum trabalho, de fato, é uma impossibilidade – o trabalho é uma necessidade da nossa natureza. Ainda assim, não deveríamos ser muito carregados por ele também. Os monges do Egito trabalhavam todo o dia e, mesmo assim, suas mentes não deixavam Deus.
TEÓFAN, O RECLUSO
External activities must not distract you from inner work (p. 244)
You have broached the question of occupations. Since what you do depends not on the monastic rule but on your own deci¬sion, you can arrange your activities so that they do not distract you from inner work. In this follow the advice of St. Isaac the Syrian. He is not in favour of manual labour and only allows it occasionally when there is a need for it; for it distracts the attention of our mind. We should especially train ourselves to prevent this. To do no work at all is an impossibility—work is a necessity of our nature. Yet we should not be too much caught up in it either. The monks of Egypt worked all day, yet their mind did not leave God.
THEOPHAN THE RECLUSE
Mantendo o forno interno quente
Aprenda a executar tudo aquilo que faz de tal modo que seu coração seja aquecido ao invés de resfriado. Ao ler ou rezar, trabalhar ou conversar com outros, você deveria agarrar-se a esta única meta – não deixar seu coração esfriar-se. Mantenha seu forno interno sempre quente, através da declamação da oração curta, e vigie seus sentimentos, no caso de estarem dissipando este calor. As impressões externas raramente estão em harmonia com o trabalho interno.
TEÓFAN, O RECLUSO
Keeping the inner stove hot (p.244)
Learn to perform everything you do in such a way that it warms the heart instead of cooling it. Whether reading or praying, working or talking with others, you should hold fast to this one aim—not to let your heart grow cool. Keep your inner stove always hot by reciting a short prayer, and watch over your feelings in case they dissipate this warmth. External impressions are very rarely in harmony with inner work.
THEOPHAN THE RECLUSE
Vício da Natureza Humana – Holanda – Séc XV.
Trabalho interno e sobriedade
Estes são os vários meios pelos quais as paixões são destruídas em nós. Algumas vezes elas são derrotadas pelos nossos próprios esforços mentais e ativos, algumas vezes pelo nosso guia espiritual e algumas vezes pelo Próprio Senhor. Já foi dito que sem luta mental interna, nossos esforços externos não podem ser bem sucedidos. A mesma coisa é verdade em relação aos esforços que fazemos sob a orientação de um guia, e também daqueles da purificação efetuada em nós pela Providência. A luta interna deveria ser, portanto, incessante e contínua. Por si mesma ela não é muito poderosa, mas quando está ausente todos os outros meios são inefetivos e inúteis. Aqueles que trabalham ativamente e aqueles que sofrem, aqueles que choram e aqueles que obedecem as regras que lhes são impostas – em cada grupo destes, muitos pereceram e estão perecendo agora, porque eles não se envolvem na batalha interna, dando proteção às suas mentes e aos seus corações.
Lembre-se daquilo que dissemos a respeito do positivo valor do trabalho interno – é o trabalho interno que dá propósito e eficácia a todas nossas atividades externas. Isto nos mostra quão importante é o trabalho interno: ficará claro para todos que ele se constitui como o ponto de partida, base, e meta de todas as espécies de esforços ascéticos e espirituais.
Toda nossa tarefa pode ser reduzida à seguinte regra: recolhendo-se dentro, recobre sua autoconsciência espiritual, ponha-se a trabalhar internamente, e, preparado deste modo, exercite-se através dos deveres impostos a você seja pelo seu guia espiritual, seja pela Providência. Mas ao fazê-lo você deve observar e notar com rigorosa e imperturbável atenção tudo aquilo que lhe surge dentro. Tão logo alguma paixão seja despertada, afaste-a e derrube-a, tanto mentalmente como ativamente, não se esquecendo de reacender e despertar, dentro de si, o calor do espírito da contrição e da tristeza por seus pecados.
É para isto que a plena atenção do lutador espiritual deveria estar voltada. Desta maneira, através de contínua concentração, ele evitará ser distraído, e o fará como se estivesse cingindo os lombos da sua mente. Na medida em que segue neste caminho interno, sempre vigilante sobre si mesmo, ele aprenderá a virtude da sobriedade.
Agora, você pode compreender a razão pela qual os lutadores espirituais sempre consideraram a sobriedade como sendo a principal virtude de todo trabalho espiritual, e por quê consideram aqueles que carecem dela como sendo infrutíferos.
TEÓFAN, O RECLUSO
Inner work and sobriety (p.245)
These are the various means whereby the passions are destroyed within us. Sometimes they are overcome by our own mental and active efforts, sometimes by our spiritual director and sometimes by the Lord Himself. It has already been said that without inner mental struggle, our external efforts cannot be successful. The same is true of the efforts which we make under the guidance of a director, and also of the purification effected in us by Provi¬dence. Inner struggle should therefore be unceasing and unremit¬ting. By itself it is not very powerful, but when it is absent all the other means are ineffective and of no use. Those who work actively and those who suffer, those who weep and those who obey the rules imposed upon them—in every group alike many have perished and are perishing now because they do not engage in inner warfare, guarding their mind and heart.
Remember what we said about the positive value of inner work—that it is inner work which gives to all our external activities their purpose and their effectiveness. This shows us how very important inner work is: it will be clear to everyone that it constitutes the starting point, basis, and aim of all kinds of spiritual and ascetic effort.
Our whole task may be reduced to the following rule: collecting yourself within, recover your spiritual self-awareness, set to work inwardly, and, prepared in this way, practise the external duties imposed upon you either by your spiritual director or by Providence. But while doing this you must watch and notice with strict and unwavering attention everything that arises within you. As soon as some passion is awakened, chase it away and strike it down, both mentally and actively, not forgetting to rekindle within yourself and rouse to warmth the spirit of con¬trition and of sorrow for your sins.
It is to this that the whole attention of the spiritual wrestler should be directed. In this way, through continuous concentration he will prevent himself from being distracted, but will as it were gird up the loins of his mind. As he follows this inward path, ever watchful over himself, he will learn the virtue of sobriety.
Now you can understand why spiritual wrestlers have always considered the chief virtue in all spiritual work to be sobriety, and why they regarded those who lacked it as barren.
THEOPHAN THE RECLUSE
São Paulo na Prisão – Rembrandt – 1627
Auto-educação. Ler, sentir, agir.
Cada homem, então, deve treinar-se, e incutir em si mesmo as verdades contidas nas palavras de Cristo, de modo que elas entrem e habitem dentro dele. Com este propósito em vista, ele deveria lê-las e refletir sobre elas, e confiá-las a memória; ele deveria aprender a estar em interna simpatia com elas, por elas sentindo um profundo amor, e então deveria colocá-las em prática. Esta última é a plena meta da auto-educação. Na medida em que ela falte não podemos dizer de tal homem que ele ensinou a si mesmo, mesmo se saiba as palavras de Cristo de cor e seja coerente em seu raciocínio. É precisamente por esta falta que S. Paulo repreendeu os judeus em sua Epístola aos Romanos: “Ora tu, que ensinas aos outros, não ensinas a ti mesmo!” (Rom. Ii. 21) Se um homem prega sobre Cristo, mas ele próprio não vive Nele, então a palavra de Cristo, nele, não entrou.
Está claro que qualquer tipo de educação que venha dos outros, somente produz fruto quando combinada com o próprio ensinamento do homem a si mesmo. Cada um deve fazer-se perceber o sentido daquilo que lhe é ensinado, de modo que, depois de ouvir ou ler algo, ele persuade a si próprio não só a pensar exatamente como aquilo, mas, também, a sentir e a agir do mesmo modo. Pois a palavra de Cristo entra e habita num homem, somente se ele consegue persuadir-se a acreditar e a viver de acordo com ela.
Um homem é, de fato, insensato se ele lê diligentemente as palavras de Deus, mas não consegue refletir sobre elas, não se permitindo sentir seus significados e não as praticando na vida real. Pois assim, a palavra de Deus flui através dele como água em uma calha, sem nele entrar e nem deixar qualquer sinal. Podemos saber todos os Evangelhos e todas as Epístolas de cor e, ainda assim, não ter a palavra de Cristo habitando dentro de nós, porque não a estudamos da maneira correta. Assim, um homem age tolamente se alimenta, com a palavra de Cristo, somente sua mente e não se preocupa em trazer seu coração e sua vida em correspondência com ela. E então, a palavra fica nele como areia despejada em sua cabeça e em sua memória, permanecendo ali como algo morto ao invés de vivo. A palavra de Cristo vive somente quando passa ao sentimento e à vida; mas num tal homem isto não acontece, e assim não podemos dizer que a palavra de Cristo habita nele.
TEÓFAN, O RECLUSO
Self-education, Read, feel, act (p.246)
Each man, then, must train himself, and instil into himself the truths contained in the words of Christ, so that they enter and dwell within him. With this purpose in view he should read them and reflect on them, and commit them to memory; he should learn to be in inward sympathy with them, feeling a deep love for them, and then he should put them into practice. This last is the whole aim of self-education. So long as this is lacking we cannot say of a man that he has taught himself, even if he knows the words of Christ by heart and is good at reasoning. It is pre¬cisely for their lack of this that St. Paul reproached the Jews in his Epistle to the Romans: "Thou therefore which teachest an¬other, teachest thou not thyself?' (Rom. ii. 21). If a man preaches Christ but does not himself live in Him, then the word of Christ has not entered him.
It is clear that any kind of education by others only brings fruit when combined with a man's own teaching of himself. Each must make himself realize the sense of what he is taught, so that after hearing or reading something he persuades himself not only to think exactly like that, but also to feel and to act so. For the word of Christ enters a man to dwell in him, only if he succeeds in persuading himself to believe and to live according to it.
A man is indeed unwise if he reads diligently the words of God but fails to ponder over them, not making himself feel their meaning and not practising them in actual life. For then the word of God flows through him like water in a gutter, without enter¬ing him or leaving a trace. We can know all the Gospels and Epistles by heart and yet not have the word of Christ dwelling within, because we have not studied them in the right way. Thus a man acts foolishly if he feeds only his mind with the word of Christ, but does not bother to bring his heart and his life into correspondence with it. And so it stays in him like sand poured into his head and memory, which lies there dead instead of living. The word of Christ lives only when it passes into feeling and life; but in such a man this does not happen, and so we cannot say that the word of Christ dwells in him.
THEOPHAN THE RECLUSE
Estação da Luz – Cidade de São Paulo
Faça tudo em Nome do Senhor Jesus
‘E tudo o que fizerdes de palavra ou ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, por ele dando graças a Deus, o Pai.’ (Col. iii. 17).
Aqui, S. Paulo fala do terceiro modo através do qual provamos que nossa morada oculta está em Deus – sendo este modo aquele de fazer todas as coisas em Nome do Senhor. Quanto aos outros dois métodos, através do primeiro – a leitura da Sagrada Escritura e a assimilação das verdades reveladas que ela contém – nós afugentamos as imaginações vãs e imundas e ocupamos nossas mentes com bons pensamentos, plenamente interessados em coisas divinas; e através do segundo – a oração – estabelecemos em nós mesmos o hábito de sempre lembrar-nos de Deus e continuamente caminhar em Sua presença. Ambos estes métodos mantém nossa atenção e sentimento absorvidos em Deus. Pareceria, talvez, que isto pudesse ser suficiente? Parece, mas não é. Se apenas estes dois métodos fossem usados, eles não nos conduziriam à meta que desejamos. O homem não é só pensamento e sentimento, mas, sobretudo, ele é ação. Ele sempre está se movendo, constantemente ativo. Mas toda ação envolve atenção e sentimento. O homem que age fica completamente envolvido em sua ação. Consequentemente, o homem que busca Deus perceberá que por causa de certas coisas que não pode evitar, inevitavelmente, se desviará de Deus em seu pensamento, e depois do pensamento, se desviará em seu sentimento. As ocupações o rebaixam do céu à terra, ou o afastam de sua seclusão com Deus na direção das relações externas com outros seres humanos. Pois nossas ocupações são quase todas visíveis, já que são executadas entre criaturas iguais a nós e entre as coisas dos sentidos. Segue-se disto que se as ocupações de um homem não são conduzidas de modo a capacitá-lo a manter sua reclusa vida em Deus, os primeiros dois métodos permanecerão infrutíferos e até mesmo se tornarão impossíveis de serem praticados como se deve. As ocupações ficam nos distraindo – mesmo na prática do estudo das Sagradas Escrituras e na prática da oração. E assim o Apóstolo, na passagem que citamos, nos ensina como transformarmos todas as nossas ações em meios de preservar nossa vida secreta em Deus: isto pode ser obtido ao se ‘fazer tudo em Nome do Senhor’. Se formos bem sucedidos em sintonizar nós mesmos neste modo, não nos afastaremos do Senhor nem em pensamento, nem em sentimento. Pois fazer tudo em Nome do Senhor significa fazer tudo para Sua glória, no desejo de agradá-Lo, tendo corretamente compreendido Sua vontade até mesmo em relação a alguma questão trivial. Nisto, os membros do corpo, como ferramentas, farão o trabalho; e o pensamento e o sentimento se voltarão para o Senhor, ansiosos para executar suas tarefas de um modo agradável a Deus e obediente à Sua glória.
Este método é mais efetivo do que os dois primeiros para garantir nossos propósitos; sucesso nos dois primeiros depende do sucesso neste último. Pois os dois primeiros são mentais no caráter, e o que vem da mente entra em nosso inteiro ser através da ação. Quando nossa ação é santificada por sua dedicação a Deus, então, no processo de fazê-la, certo elemento divino entra em todos os órgãos e poderes que tomam parte no trabalho. Maior o número de tais ações, maior são os elementos divinos que entram no ser de um homem. E mais tarde, eles o preenchem completamente de modo que sua plena natureza fica imersa no divino, e habita em Deus. Gradualmente, na medida em que esta vigília e orientação a Deus é estabelecida, a oração e a adoração de Deus, acompanhados por pensamentos daquilo que é bom, também se tornam mais firmemente estabelecidos. Oração e adoração influenciam o trabalho que está sendo feito para a glória de Deus; e porque estamos habitando no divino, como recompensa, nossos feitos são, eles mesmos, dotados com maior força e eficácia.
São Paulo abraçou todas as nossas atividades em dois termos: palavra e ação. As palavras são pronunciadas pela boca, as ações executadas por nossos membros. Do momento em que despertamos ao momento em que dormimos, nós estamos continuamente envolvidos em ambas. Nossas falas fluem quase sem interrupção, enquanto os vários movimentos do corpo continuam incessantemente. Que rica oferenda a Deus se tudo isto pudesse ser dirigido para Sua glória! Se fizermos nossa fala servir à glória de Deus não somente eliminaríamos o mau discurso, mas também as conversas fiadas e inúteis, e apenas uma espécie de discurso permaneceria – aquele que serve a edificar nossos irmãos ou ao menos (para falar no mínimo) não causar-lhes nenhum dano. Também deveríamos consagrar nossa fala para Deus recitando preces. Além disso, ao voltarmos nossas ações para a glória de Deus, não somente podemos nos livrar das más ações vindas da luxúria e da irritação – tais coisas não deveriam ser predominantes se pensamos estar entre Cristãos – mas também somos capazes de ver em que espírito devemos executar certas ações e como elas são permissíveis, necessárias e úteis. Isto livra nossas ações de toda auto-satisfação e de toda servidão ao mundo e seus maus caminhos.
Fazer todas as coisas em Nome do Senhor significa fazer com que tudo seja feito para Sua glória, tentar executar tudo de tal modo que Lhe agrade, consciente de que é Sua vontade. Significa também circundar toda ação através de orações a Ele; começar com a oração e terminar com a oração; ao começar, pedir pela Sua benção; ao proceder, pedir pela Sua ajuda; e ao terminar, agradecê-lo por ter concluído Seu trabalho em nós e através de nós.
TEÓFAN, O RECLUSO
Do all in the Name of the Lord Jesus (p.247)
‘And whatsoever ye do in word or deed, do all in the name of the Lord Jesus, giving thanks to God and the Father by him’ (Col. iii. 17).
Here St. Paul speaks of the third way whereby we prove that our hidden abode is in God—and that is by doing everything in the Name of the Lord. As for the other two methods, by means of the first—the reading of Holy Scripture and the assimilation of the revealed truths which it contains—we banish vain and unclean imaginings and fill our minds with good thoughts, wholly con¬cerned with things divine; and by means of the second—prayer— we establish in ourselves the habit of remembering God always and walking continually in His presence. Both these methods keep our attention and feeling absorbed in God. It seems, perhaps, that this should be enough? It seems so, but it is not. If these two methods alone are used they will not lead us to the aim which we desire. Man is not only thought and feeling, but above all he is action. He is ever moving, constantly active. But every action involves attention and feeling. The man who acts is entirely wrapped up in his action. Consequently the man who seeks God will find that because of certain things he cannot avoid doing, he will inevitably deviate from God in his thought, and after thought, in his feeling. Occupations bring him down from heaven to earth, or lead him from his seclusion in God into external relationships with other human beings. For our occupa¬tions are almost all visible, since they are carried out among fellow creatures and the things of the senses. It follows from this that if man's occupations are not so directed as to enable him to keep his life secluded in God, the first two methods will remain fruitless and it will even become impossible for him to practise them as he should. Occupations keep on distracting us—even the practice of studying the Holy Scriptures and the practice of prayer. And so the Apostle, in the passage which we quoted, teaches us how to turn all our actions into a means of preserving our secret life in God: this can be achieved by ‘doing all in the Name of the Lord’. If we succeed in attuning ourselves in this way, we shall not withdraw from the Lord either in thought or feeling. For to do all in the Name of the Lord means to do every¬thing to His glory, in the desire to please Him, having understood His will correctly even in some trivial matter. In this the members of the body, like tools, will do the work; and thought and feeling will be turned towards the Lord, anxious to carry out their task in a manner pleasing to God and obedient to His glory.
This method is more effective than the first two in securing our purpose; success in the first two depends on success in the last. For the first two are mental in character, and what is of the mind enters into our whole being through action. When our action is sanctified by its dedication to God, then in the process of doing it, a certain divine element enters into all the organs and powers which take part in the work. The greater the number of such deeds, the more are the divine elements entering the being of a man. And later they fill him completely so that his whole nature is immersed in the divine, and abides in God. Gradually, as this God-ward orientation is established, prayer and worship of God, accompanied by thoughts of what is good, become more firmly established too. Prayer and worship in¬fluence the work being done for the glory of God; and because we are abiding in the divine, as a reward our deeds themselves are endowed with greater strength and effectiveness.
All our activities St. Paul embraced in two terms: word and deed. Words are uttered by the mouth, deeds are performed by other members. From the moment of waking up to the moment of falling asleep we are continually engaged in both. Our speech flows almost without stopping, while the various movements of the body continue unceasingly. What a rich offering to God if all of this could be directed to His glory! By making our speech serve the glory of God not only is evil speaking banished but also vain or idle talk, and only one kind of speech remains—that which serves to edify our brethren or at least (to put it at its lowest) does not bring them any harm. We should also conse¬crate our speech to God by reciting prayers. Furthermore, by turning our deeds to the glory of God, not only can we rid our¬selves of evil deeds done from lust or irritation—such things should be not so much as thought of among Christians—but we are also enabled to see in what spirit we should perform such deeds as are permissible, necessary, and useful. This rids our ac¬tions of all pandering to self and of all servitude to the world and its evil ways.
To do everything in the Name of the Lord means to turn all to His glory, to try to perform everything in such a way as to please Him, conscious that it is His will. It means also to surround every deed by prayer to Him; to begin it with prayer and to end it with prayer; as we begin, to ask His blessing; as we proceed, to beg His help; and as we finish, to give Him thanks for accom¬plishing His work in us and through us
THEOPHAN THE RECLUSE
A corrente de sofrimento
A vida de um Cristão na terra é uma corrente de sofrimento. É necessário lutar contra nosso próprio corpo, contra as paixões e os espíritos malignos. Nossa esperança reside nesta luta. Nossa salvação vem de Deus. Tendo colocado nossa confiança Nele, devemos suportar com paciência o tempo de luta. Nós somos triturados entre as mós da tentação como grãos moídos em farinha. A Divina Providência permite que estas provações nos assaltem para o grande benefício de nossa alma; através delas adquirimos um coração contrito e humilde que Deus não desprezará.
BISPO IGNATII
The chain of suffering (p. 249)
The life of a Christian on earth is a chain of suffering. It is necessary to fight against our own body, against passions and evil spirits. Our hope lies in this fight. Our salvation is from God. Having put our reliance on Him, we must bear with patience the time of struggle. We are ground between the millstones of temp¬tation as grain that is ground into flour. Divine Providence permits these trials to assail us for the great benefit of our soul; from them we acquire a contrite and humble heart which God will not despise.
BISHOP IGNATII
terça-feira, 30 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A Arte da Prece - Uma Antologia Ortodoxa. (Capítulo III - iii) A Oração de Jesus - parte 2-
A ARTE DA PRECE
Uma Antologia Ortodoxa
compilada pelo
Hegúmeno Chariton de Valamo
CAPÍTULO III
A ORAÇÃO DE JESUS por vários autores
(iii) A ORAÇÃO DE JESUS – Parte 2
Deus com Três Faces – Estátua Dourada – Colônia – Séc. XVII
O lugar das técnicas respiratórias (i)
No tratado de Simeão, o Novo Teólogo, sobre as três formas de oração, nos trabalhos de Nicéforo, o Monge , e na Centúria de Calisto e Inácio Xanthopouloi – todas pertencentes à Filocalia – o leitor encontrará instruções sobre a técnica onde a mente pode ser introduzida ao coração com o auxílio da respiração física; em outras palavras, um método mecânico desenvolvido para nos ajudar a obter a oração interna. Este ensinamento dos Padres criou e continua a criar muitas perplexidades para seus leitores, embora de fato não haja, realmente, nada de difícil a respeito. Nós aconselhamos nossos amados irmãos a não tentar a prática desta técnica mecânica a menos que ela se estabeleça por si própria neles. Muitos que tentaram aprendê-la pela experiência prática prejudicaram seus pulmões e não conseguiram nada. A coisa essencial para a mente é unir-se ao coração na oração, e isto é efetuado pela graça divina, em seu próprio tempo, determinada por Deus. O método mecânico descrito nestes escritos é plenamente substituído por uma tranquila repetição da prece, com breve pausa depois de cada uma, uma respiração calma e constante, e um envolvimento da mente nas palavras da oração. Com o auxílio de tais meios podemos facilmente obter certo grau de atenção. Pouco tempo depois, o coração começa a estar em simpatia com a atenção da mente na medida em que ela está orando. Pouco a pouco, a simpatia do coração com a mente começa a transformar-se numa união da mente e do coração; e então a técnica mecânica sugerida pelos Padres aparecerá por si própria. Todos os métodos mecânicos de caráter material são sugeridos pelos Padres apenas como auxílios para uma mais rápida e fácil obtenção da atenção durante a prece, e não como algo essencial. O elemento essencial e indispensável na prece é a atenção. Sem atenção não há oração. A verdadeira atenção, dada pela graça, chega quando nosso coração morre para o mundo. Auxílios sempre permanecem sendo nada mais que auxílios. A união da mente com o coração é uma união dos pensamentos espirituais da mente com os sentimentos espirituais do coração.
BISPO IGNATII
The place of breathing techniques (i) (p. 104)
In the treatise of Simeon the New Theologian about the three forms of prayer, in the works of Nikephoros the Monk, and in the Century of Kallistos and Ignatius Xanthopoulos—all contained in the Philokalia—the reader will find instructions about the technique whereby the mind can be introduced into the heart with the aid of physical breathing—in other words, a mechanical method designed to help us achieve inner prayer. This teaching of the Fathers has created and continues to create many perplexities for its readers, although in fact there is really nothing difficult about it. We advise our beloved brethren not to try to practise this mechanical technique unless it establishes itself in them of its own accord. Many who have attempted to learn it by practical experience have damaged their lungs and achieved nothing. The essential thing is for the mind to unite with the heart at prayer, and this is accomplished by divine grace, in its own time, determined by God. The mechanical method described in these writings is fully replaced by an unhurried repetition of the prayer, a brief pause after each prayer, quiet and steady breathing, and enclosing the mind in the words of the prayer. With the aid of such means we can easily achieve a certain degree of attention. Before long the heart begins to be in sympathy with the attention of the mind as it prays. Little by little the sympathy of the heart with the mind begins to change into a union of mind and heart; and then the mechanical technique suggested by the Fathers will appear by itself. All the mechanical methods of a material character are suggested by the Fathers solely as aids for a quicker and easier attainment of attention during prayer, and not as something essential. The essential, indispensable element in prayer is attention. Without attention there is no prayer. True
attention, given by grace, comes when we make our heart dead to the world. Aids always remain no more than aids. The union of the mind with the heart is a union of the spiritual thoughts of the mind with the spiritual feelings of the heart.
BISHOP IGNATII
S. Máximo de Kapsokalyvia – Monte Atos – Séc. XIV.
O lugar das técnicas respiratórias (ii)
S. Simeão e outros escritores na Filocalia sugerem métodos físicos para serem usados em conjunto com a Oração de Jesus. Algumas pessoas ficam tão absorvidas nestes métodos externos que elas esquecem o apropriado trabalho da prece; em outros, a própria prece é distorcida pelo uso destes métodos. Desde que, pois, por falta de instrutores, estas técnicas físicas podem ser acompanhadas por efeitos prejudiciais, nós não as descrevemos. De qualquer modo, elas nada mais são do que um auxílio externo para o trabalho interno e não são, de maneira alguma, essenciais. O que é essencial é isto: obter o hábito de permanecer com a mente no coração – de estar dentro deste nosso coração físico, embora não fisicamente.
É necessário fazer a mente descer da cabeça ao coração e se estabelecer ali, ou, como um dos Padres o colocou, unir a mente com o coração. Mas como isto pode ser obtido?
Busque e você encontrará. O modo mais fácil para obter isto é caminhando diante de Deus, e através do trabalho da oração, especialmente indo a Igreja.
Mas devemos lembrar que nossa é somente a labuta; o objeto em si, isto é, a união da mente e do coração, é um dom da graça, que o Senhor nos concede tanto e quando Ele quer. O melhor exemplo é aquele de Máximo de Kapsokalyvia.
TEÓFAN, O RECLUSO
The place of breathing techniques (ii) (p. 105)
St. Simeon and other writers in the Philokalia suggest physical methods to be used in conjunction with the Jesus Prayer. Some people are so much absorbed in these external methods that they forget about the proper work of prayer; in others, prayer itself is distorted because of using these methods. Since, then, for lack of instructors these physical techniques may be accompanied by harmful effects, we do not describe them. In any case they are nothing but an external aid to inner work and are in no way essential. What is essential is this: to acquire the habit of standing with the mind in the heart—of being within this physical heart of ours, although not physically.
It is necessary to bring the mind down from the head into the heart and to establish it there, or, as one of the Fathers put it, to join the mind with the heart. But how can this be achieved?
Seek and you will find. The easiest way to achieve it is by walking before God, and by the work of prayer, especially by going to church.
But we must remember that ours is only the labour; the object itself, that is, the union of mind and heart, is a gift of grace, which the Lord grants to us as and when He chooses. The best example is Maximos of Kapsokalyvia.
THEOPHAN THE RECLUSE
Crianças conversando com seu Pai
Não se deixe levar por métodos externos ao praticar a interna Oração de Jesus. Para algumas pessoas elas são necessárias, mas não para você. Em seu caso, o tempo para tais métodos já passou. Você já deve ter conhecido, por experiência, o local do coração sobre o qual eles falam: não se preocupe pelo resto. O trabalho de Deus é simples: é a oração – crianças conversando com seu Pai, sem quaisquer subterfúgios. Possa o Senhor lhe dar sabedoria para sua salvação.
Para aquele que ainda não encontrou o caminho para entrar dentro de si, peregrinações a lugares sagrados são uma ajuda. Mas para aquele que o encontrou elas são uma dissipação de energia, pois o forçam a sair da mais íntima das partes de si mesmo. É o momento para você, agora, aprender mais perfeitamente como ficar dentro. Você deveria abandonar seus planos externos.
TEÓFAN O RECLUSO
Children talking to their Father (P. 106)
Do not be led astray by external methods when practising the inner Jesus Prayer. For some people they are necessary, but not for you. In your case, the time for such methods has already passed. You must already know by experience the place of the heart about which they speak: do not bother about the rest. The work of God is simple: it is prayer—children talking to their Father, without any subtleties. May the Lord give you wisdom for your salvation.
For someone who has not yet found the way to enter within himself, pilgrimages to holy places are a help. But for him who has found it they are a dissipation of energy, for they force him to come out from the innermost part of himself. It is time for you now to learn more perfectly how to remain within. You should abandon your external plans.
THEOPHAN THE RECLUSE
Crescimento na oração não tem fim
Você lê a Filocalia? Bom. Não se deixe confundir pelos escritos de Inácio e Calisto Xanthopouloi, Gregório do Sinai, e Nicéforo. Tente achar se alguém tem a vida do stárets Paissy Velichkovsky. Ela contém prefácios a certos textos na Filocalia, compostos pelo stárets Basil , e estes prefácios explicam sobre o lugar das técnicas mecânicas quando se recita a Oração de Jesus. Eles irão ajudá-lo, também, a compreender todas as coisas corretamente. Eu já havia lhe dito que no seu caso estas técnicas mecânicas não são mais necessárias. O que elas iriam produzir você já possui do momento que você sentiu o chamado à prática da Prece. Mas não chegue a concluir, equivocadamente, que sua jornada no caminho da oração já se completou. O crescimento na oração não tem um fim. Se este crescimento pára significa que a vida pára. Possa o Senhor salvá-lo e lhe ter misericórdia! É possível perder o estado correto, e aceitar a mera memória dele como sendo o próprio estado. Deus proíba que isto aconteça a você!
Você sente que sofre de pensamentos errantes. Tome cuidado: isto é muito perigoso. O inimigo quer conduzi-lo em algum matagal e ali matá-lo. Os pensamentos começam a errar quando o temor a Deus diminui e o coração se resfria. O resfriamento do coração é causado por muitas coisas – principalmente, por convencimento e presunção. Estes estão muito próximos da sua natureza. Atento a eles, e apresse-se em restaurar o temor a Deus e um sentimento de calor em sua alma.
TEÓFAN, O RECLUSO
Growth in prayer has no end (p. 106)
You read the Philokalia? Good. Do not let yourself be confused by the writings of Ignatios and Kallistos Xanthopoulos, Gregory of Sinai, and Nikephoros. Try to find whether someone has the life of the staretz Paissy Velichkovsky. It contains prefaces to certain texts in the Phiiokalia, composed by the staretz Basil, and these prefaces explain about the place of mechanical techniques when reciting the Jesus Prayer. They will help you, too, to understand everything correctly. I have already told you that in your case these mechanical techniques are not necessary. What they would produce you already possessed from the moment you felt the call to practise the Prayer. But do not come to the wrong conclusion that your journey on the path of prayer is already completed. Growth in prayer has no end. If this growth ceases it means that life ceases. May the Lord save you and have mercy on you! It is possible to lose the right state, and to accept the mere memory of it as being the state itself. God forbid that this should happen to you!
You feel that you suffer from wandering thoughts. Take care: this is very dangerous. The enemy wants to drive you into some thicket and kill you there. Thoughts begin to wander when the fear of God decreases and the heart grows cool. The cooling down of the heart is caused by many things—chiefly by smugness and conceit. These are very close to your nature. Beware of them, and make haste to restore the fear of God and a feeling of warmth to your soul.
THEOPHAN THE RECLUSE
Dois dos Quatro Volumes da Filocalia Grega em Inglês – (Faber & Faber – 1995)
Leitura espiritual. Autores Russos são mais fáceis que os Gregos
Todos os escritos dos Padres Gregos são dignos do mais profundo respeito pela riqueza da graça e sabedoria espiritual que residem neles e respiram deles. Mas os escritos dos Padres Russos nos são mais acessíveis que aqueles das autoridades gregas, devido à particular clareza e simplicidade de exposição deles, e também porque eles nos são mais próximos no tempo. Os escritos do stárets Basil são os primeiros livros que deveriam ser consultados por qualquer um que deseja praticar a Oração de Jesus com sucesso. Na verdade, o stárets os escreveu especialmente com este propósito em mente. Ele os batizou de ‘introduções’ ou ‘estudos preliminares’, que preparam o leitor para os Padres Gregos.
BISPO IGNATII
Spiritual reading. Russian authors are easier than Greek (p. 107)
All the writings of the Greek Fathers are worthy of the deepest respect because of the wealth of grace and spiritual wisdom living in them and breathing from them. But the writings of Russian Fathers are more accessible to us than those of the Greek authorities, owing to their particular clarity and simplicity of exposition, and also because they are closer to us in time. The writings of the staretz Basil are the first book which should be consulted by anyone wishing to practise the Jesus Prayer successfully. Indeed, the staretz wrote them specially with this purpose in mind. He termed them 'introductions' or 'preliminary studies', which prepare the reader for the Greek Fathers.
BISHOP IGNATII
Como planejar nossa leitura
Na questão da leitura deveríamos ter em mente a principal meta de nossa vida, e escolher aquelas coisas que estão de acordo com ela. Então, aquilo que resultar ficará integrado, coerente, e, portanto, forte. Esta solidez de conhecimento e convicção também dará força ao nosso caráter como um todo.
TEÓFAN, O RECLUSO
How to plan our reading (P. 107)
In the question of reading we should bear in mind the principal aim of our life and choose those things which accord with it. Then something will result that is integrated, coherent, and therefore strong. This solidity of knowledge and conviction will give strength also to our character as a whole.
THEOPHAN THE RECLUSE
A Arte da Prece – (Faber & Faber, 1997)
Mãe de Deus – Versão do Ícone de Feodorovskaya – Rússia Séc. XX
Não são as palavras que importam, mas seu amor por Deus
Se o seu coração se aquece através da leitura de preces comuns, então acenda seu calor interno a Deus desta maneira.
A Oração de Jesus, se dita mecanicamente, é sem valor: não é de maior ajuda que qualquer outra prece falada por língua e lábios. Ao recitar a Oração de Jesus, tente, ao mesmo tempo, ativar a percepção de que nosso Senhor Ele Próprio está perto, que Ele está em sua alma e escuta o que está acontecendo ali dentro. Desperte em sua alma a sede pela salvação, e a certeza de que só nosso Senhor pode trazê-la. E então clame Àquele que você vê diante, em seus pensamentos: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim’, ou: ‘Oh, misericordioso Senhor, me salva pelo caminho que Tu conheces’. Não são as palavras que importam, mas seus sentimentos em direção ao Senhor.
A combustão espiritual do coração a Deus nasce do nosso amor por Ele. O coração se acende através do toque do Senhor. Porque Ele é inteiramente amor, Seu toque no coração, imediatamente, acende amor por Ele; e deste amor chega a combustão do coração em direção a Ele. É isto que deve ser o objeto de sua busca.
Faça com que a Oração de Jesus esteja na sua língua; faça com que a presença de Deus esteja diante de sua mente; e em seu coração faça com que haja sede por Deus, por comunhão com o Senhor. Quando tudo isto tornar-se permanente, então o Senhor, vendo como você se esforça, dará aquilo que você pede.
TEÓFAN, O RECLUSO
It is not the words that matter, but your love for God (p. 108)
If your heart grows warm through reading ordinary prayers, then kindle its inner warmth towards God in this way.
The Jesus Prayer, if said mechanically, is valueless: it is no more help than any other prayer spoken by the tongue and lips. As you recite the Jesus Prayer, try at the same time to quicken your realization that our Lord Himself is near, that He stands in your soul and listens to what is happening within it. Awaken in your soul the thirst for salvation, and the assurance that our Lord alone can bring it. And then cry out to Him whom in your thoughts you see before you: ‘Lord Jesus Christ, Son of God, have mercy upon me,’ or: ‘O merciful Lord, save me by the way that Thou knowest.’ It is not the words that matter, but your feelings towards the Lord.
The spiritual burning of the heart for God springs from our love towards Him. It kindles from the Lord's touch on the heart. Because He is entirely love, His touch on the heart immediately kindles love for Him; and from love comes burning of the heart towards Him. It is this which must be the object of your search.
Let the Jesus Prayer be on your tongue; let God's presence be before your mind; and in your heart let there be the thirst for God, for communion with the Lord. When all this becomes permanent, then the Lord, seeing how you exert yourself, will give you what you ask.
THEOPHAN THE RECLUSE
Deus Criando a Luz – Alfa e Ômega - Iluminura de Manuscrito
A centelha de Deus
O que nós buscamos através da Oração de Jesus? Buscamos que o fogo da graça apareça em nosso coração, e buscamos pelo início da oração incessante que manifesta um estado de graça. Quando a centelha de Deus cai no coração, a Oração de Jesus a ventila até pegar fogo. Por si mesma a oração não produz a centelha, mas nos ajuda a recebê-la. Como ela ajuda? Reunindo nossos pensamentos, capacitando a alma a estar diante do Senhor e a caminhar em Sua presença. Esta é a parte mais importante – permanecer e caminhar diante de Deus, clamar por Ele do nosso coração. Isto foi o que Máximo de Kapsokalyvia fez e todos aqueles que buscam o fogo da graça deveriam fazer o mesmo. Eles não deveriam se preocupar com palavras e posições do corpo, pois Deus olha para o coração.
Eu estou lhe contando isto porque algumas pessoas esquecem completamente sobre o chamado do coração. Toda a preocupação delas está nas palavras e na posição do corpo, e tendo recitado a Oração de Jesus certo número de vezes numa escolhida posição, com prostrações, descansam satisfeitas com isto, não sem auto-estima, não sem criticar aqueles que vão a igreja para a ordem habitual de oração. Algumas pessoas vivem suas vidas desta forma e são desprovidas de graça.
Se alguém me perguntasse como realizar a tarefa da oração, eu diria a ele: habitue-se a caminhar na presença de Deus, mantenha a recordação Dele, e seja reverente. Para preservar esta recordação, escolha umas poucas preces curtas, ou simplesmente pegue as vinte e quatro preces curtas de S. João Crisóstomo, e as repita frequentemente com sentimentos e pensamentos apropriados. Na medida em que se habituar a isto, a recordação de Deus trará luz à sua mente e calor ao seu coração. E quando obtiver este estado, a centelha de Deus, o raio da graça, cairá finalmente em seu coração. Não há outra maneira pela qual você pode produzi-la: ela vem direta de Deus. Quando ela chegar, conserve-se apenas na Oração de Jesus, e, com esta prece, assopre a centelha até as chamas. Este é o caminho mais direto.
TEÓFAN, O RECLUSO
God's spark (p. 108)
What do we seek through the Jesus Prayer? We seek for the fire of grace to appear in our heart, and we seek for the beginning of unceasing prayer which manifests a state of grace. When God's spark falls into the heart, the Jesus Prayer fans it into flame. The prayer does not of itself produce the spark, but helps us to receive it. How does it help ? By collecting our thoughts, by enabling the soul to stand before the Lord and to walk in His presence. This is the most important part—to stand and walk before God, to call on Him out of our heart. This was what Maximos of Kapsokalyvia did: and all those who seek the fire of grace should do the same. They should not worry about words and positions of the body, for God looks upon the heart.
I am telling you this because some people altogether forget about calling from the heart. Their whole concern is with the words and with the position of the body, and having recited the Jesus Prayer a certain number of times in their chosen position, with prostrations, they rest satisfied with this, not without self-esteem, not without criticism of those who go to church for the usual order of prayer. Some people live out their lives in this way and are devoid of grace.
If anyone should ask me how to carry out the task of prayer, I would say to him: Accustom yourself to walk in the presence of God, keep remembrance of Him, and be reverent. To preserve this remembrance, choose a few short prayers, or simply take the twenty-four short prayers of St. John Chrysostom, and repeat them often with appropriate thoughts and feelings. As you accustom yourself to this, remembrance of God will bring light to your mind and warmth to your heart. And when you attain this state, God's spark, the ray of grace, will fall at last into your heart. There is no way in which you yourself can produce it: it comes forth direct from God. When it comes, dwell in the Jesus Prayer alone, and with this prayer blow the spark of grace into flame. This is the most direct way.
THEOPHAN THE RECLUSE
Uma pequena centelha
Mais tarde, quando notar que alguém começa a ir mais profundamente à oração, você pode sugerir-lhe que use a Oração de Jesus incessantemente, sempre preservando a lembrança de Deus com temor e reverência. A oração é o mais essencial. O que devemos buscar, principalmente, na oração é a recepção de uma pequena centelha, como a que foi dada a Máximo de Kapsokalyvia. Esta centelha não é atraída por nenhum artifício, mas é dada livremente pela graça de Deus. Por isto o incansável esforço da oração é necessário, como S. Macário diz: ‘Se você deseja obter a oração verdadeira, persevere firmemente na oração, e Deus, vendo quão arduamente você busca, lha dará. ’
TEÓFAN, O RECLUSO
A small spark (p.108)
Later, when you notice that someone begins to go more deeply into prayer, you can suggest to him that he should use the Jesus Prayer unceasingly, always preserving the remembrance of God with fear and reverence. Prayer is the great essential. What we must chiefly seek in prayer is the reception of a small spark, such as was given to Maximos of Kapsokalyvia. This spark is not to be attracted by any artifice, but is given freely by the grace of God. For this the unwearied effort of prayer is necessary, as St. Makarios says: 'If you wish to acquire true prayer, persevere steadfastly in praying, and God, seeing how strenuously you seek, will give it to you.'
THEOPHAN THE RECLUSE
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Um córrego murmurante
Você pergunta o que é necessário ao rezar a Oração de Jesus. O que fez estava correto. Lembre-se como fez, e continue da mesma maneira. Eu vou lembrar-lhe apenas de uma coisa: deve-se descer com a mente para o coração, e ali permanecer diante da face do Senhor, sempre presente, que tudo vê dentro de você. A oração tem uma firme e constante sustentação quando uma pequena chama começa a queimar no coração.
Tente não apagar este fogo, e ele se estabelecerá de tal modo que a oração repete a si mesma: e então terá dentro de si um pequeno córrego murmurante, para usar a expressão do stárets Parthenii da Lavra de Kiev. E um dos primeiros Padres disse: ‘Quando ladrões se aproximam de uma casa esgueirando-se até ela para roubá-la, e ouvem que alguém está falando dentro, não se atrevem a entrar; da mesma maneira, quando nossos inimigos tentam assaltar a alma e tomar possessão dela, eles rastejam por tudo envolta mas temem entrar quando ouvem o jorro de uma curta oração. '
TEÓFAN, O RECLUSO
A murmuring stream (p. 110)
You ask what is needful in praying the Jesus Prayer. What you did was correct. Remember how you did it, and continue in the same way. I will remind you of only one thing: one must descend with the mind into the heart, and there stand before the face of the Lord, ever-present, all-seeing, within you. The prayer takes a firm and steadfast hold when a small fire begins to burn in the heart.
Try not to quench this fire, and it will become established in such a way that the prayer repeats itself: and then you will have within you a small murmuring stream, to use the expression of the staretz Parthenii of the Kiev Lavra. And one of the early Fathers said: 'When thieves approach a house in order to creep up to it and steal, and hear someone inside talking, they do not dare to climb in; in the same way, when our enemies try to steal into the soul and take possession of it, they creep all round but fear to enter when they hear that short prayer welling out.'
THEOPHAN THE RECLUSE
Esforços humanos e a graça de Deus
Há somente poucas palavras na Oração de Jesus, mas elas contêm tudo. Faz tempo que se reconheceu que esta oração poderia, uma vez fosse adquirida como um hábito, tomar o lugar de todas as outras preces orais. Alguém que se esforça pela salvação é ignorante deste método? Se utilizada da maneira prescrita pelos Santos Padres, esta oração tem grande poder; mas entre aqueles que adquiriram o hábito de recitá-la, nem todos descobriram seu poder, nem todos saborearam seus frutos. Por que isto ocorre? Por que eles desejam alcançar por si mesmos aquilo que é um presente de Deus, vindo somente através de Sua graça.
Não precisamos de qualquer ajuda especial de Deus para iniciar o trabalho de repetir esta oração ao amanhecer, ao anoitecer, ao caminhar, ao sentar-se, ao deitar-se, trabalhando ou descansando. Por sermos assim sempre ativos, podemos, por nós mesmos, treinar a língua a repetir a Oração mesmo sem um esforço consciente. Certo alívio no pensamento pode se seguir a isto, e até mesmo uma espécie de calor do coração. Mas tudo isto, diz o monge Nicéforos na Filocalia, é somente a ação e fruto dos nossos próprios esforços. Parar neste ponto e permanecer satisfeito com uma mera habilidade de papagaio em recitar as palavras Senhor, tenha piedade: é imaginar que obtivemos algo quando realmente não obtivemos nada. Isto é o que acontece quando caímos no hábito de repetir as palavras desta prece mecanicamente, sem compreender o que a prece realmente é. Como resultado, ficamos satisfeitos com os princípios naturais da sua ação, e deixamos de olhar adiante. Mas quem quer que tenha compreendido a natureza da oração continuará a busca. Percebendo que não importa quão diligentemente segue as instruções dos mais velhos as verdadeiras gratificações da oração ainda lhe escapam, ele deixará de esperá-las por seus próprios esforços e depositará toda sua esperança em Deus. A partir deste momento a graça pode fluir até ele; e, num dado momento conhecido somente por ela própria, ela transplantará a oração em seu coração. Todas as coisas, como nos ensinam os mais velhos, continuarão externamente iguais: a única diferença residirá em nosso poder interior.
O que é verdadeiro para esta prece é verdadeiro para todas as formas de crescimento espiritual. Um homem de temperamento quente pode estar pleno de desejo de acabar com a irritabilidade e obter a mansidão. Nos livros de ascetismo existem instruções de como disciplinar a si próprio para obter isto. Um homem pode ler estas instruções e segui-las; mas quão longe chegará por seus próprios esforços? Não mais longe do que silêncio externo durante os acessos de raiva, reprimindo somente o tanto da raiva que o auto-controle lhe permite. Por si mesmo, ele nunca conseguirá a completa extinção de sua raiva e o estabelecimento da mansidão em seu coração. Isto apenas acontece quando a graça invade o coração e ela mesma coloca a mansidão ali.
Isto é verdadeiro para toda qualidade espiritual. Qualquer coisa que possa estar buscando, busque-a com toda sua força, mas não espere que sua própria busca e seus esforços tragam frutos por eles mesmos. Ponha sua confiança no Senhor, nada atribuindo a si próprio, e Ele lhe dará o desejo do seu coração. (Sl. xxxvii. 3-4.)
Ore assim: ‘Eu desejo e busco, apressa-Te a mim, pela Tua justiça.’ O Senhor disse: ‘Sem mim, nada podeis fazer.’ (João xv. 5), e esta lei é cumprida com exatidão na vida espiritual; ela não se desvia nem por um fio de cabelo. Quando as pessoas perguntam: ‘O que devo fazer para adquirir esta ou aquela virtude?’ há uma única resposta: ‘Volte-se ao Senhor e Ele lha dará. Não há outro meio para encontrar o que você busca. ’
TEÓFAN, O RECLUSO
Human efforts and the grace of God
There are only a few words in the Jesus Prayer, but they contain everything. From of old it was recognized that this prayer, once acquired as a habit, could take the place of all other oral prayers. Is anyone who strives for salvation ignorant of this method? If used in the way described by the Holy Fathers, this prayer has great power; but among those who acquire the habit of reciting it, not all discover its power, not all taste of its fruits. Why should this be so? It is because they wish to grasp for themselves that which is a gift of God, coming only by His grace.
We do not need any special help from God in order to begin the work of repeating this prayer in the morning, in the evening, walking, sitting, lying down, working, or at leisure. By being always active in this way we can of ourselves train the tongue to repeat the Prayer even without conscious effort. A certain easement of thought may follow from this, even a kind of warmth of heart. But all of this, says the monk Nikephoros in the Philokalia, is only the action and fruit of our own efforts. To stop at this point is to remain satisfied merely with a parrot-like facility in reciting the words Lord, have mercy: it is to imagine that we have achieved something when in reality we have achieved nothing at all. This is what happens when we fall into the habit of repeating the words of this prayer mechanically without understanding what prayer really is. As a result we rest satisfied with the natural beginnings of its action, and cease to look any further. But whoever has truly understood the nature of prayer will continue to search. Realizing that no matter how diligently he follows the instructions of the elders the true rewards of prayer still elude him, he will cease to expect them from his own efforts and will lay all his hope on God. From this moment grace can flow into him; and at a moment known only to itself it will graft the prayer into his heart. Everything, as the elders teach us, will be outwardly the same: the difference will lie in our inner power.
What is true of this prayer is true of all forms of spiritual growth. A hot-tempered man may be filled with the desire to stamp out irritability and acquire meekness. In the books on asceticism there are instructions how to discipline oneself into achieving this. A man can read these instructions and follow them; but how far will he get by his own efforts? No farther than outward silence during bouts of anger, with only such quelling of the rage itself as self-control can afford him. He will never himself attain the complete extinction of his anger and the establishment of meekness in his heart. This only happens when grace invades the heart and itself places meekness there.
This is true of every spiritual quality. Whatever you may be seeking, seek it with all your strength, but do not expect your own search and efforts to bear fruit of themselves. Put your trust in the Lord, ascribing nothing to yourself, and He will give you your heart's desire (Ps. xxxvi. 3-4 Sept.)
Pray thus: ‘I desire and seek, quicken Thou me by Thy righteousness.’ The Lord has said 'Without me ye can do nothing' (John xv. 5), and this law is fulfilled with exactitude in the spiritual life; it does not swerve by a hair's breadth. When people ask ‘What must I do to acquire this or that virtue?’ there is only one answer: ‘Turn to the Lord and He will give it to you. There is no other way to find what you seek.’
THEOPHAN THE RECLUSE
Um córrego que murmura no coração
Na medida em que começar a se acostumar a orar como deve com as preces escritas por outros, suas próprias preces e invocações a Deus irão afluir em você. Nunca negligencie estas aspirações a Deus que se manifestam em sua alma. Toda vez que surgirem, esteja calmo, e ore com suas próprias palavras; nem pense que orando assim você prejudica a oração em si mesma. Não: somente deste modo você ora como deve, e esta prece ascende mais rapidamente a Deus que qualquer outra. Por esta razão há uma regra que se aplica a qualquer um: seja em casa ou na igreja, se sua alma deseja orar por sua própria conta e não com palavras de outros homens, dê liberdade a ela; deixe-a orar, mesmo se ela orar assim durante todo o serviço, ou deixar incompleta sua própria regra de oração em casa e não encontrar tempo para terminá-la.
Ambas as formas de oração são agradáveis a Deus – preces atenciosamente recitadas dos livros de oração e acompanhadas por adequados sentimentos e pensamentos sagrados; e preces sem livros vindas de suas próprias palavras. Apenas a oração negligente O desagrada, quando alguém lê as preces em casa ou permanece no serviço da igreja sem atentar para o significado das palavras: a língua lê ou o ouvido escuta, mas os pensamentos vagam sabe lá onde. Não há oração aqui. Mas, enquanto ambas as formas são agradáveis a Deus, a oração que não é lida, mas é sua própria, está mais perto do coração da questão e é muito mais proveitosa.
Não é suficiente, entretanto, apenas esperar pelo desejo de orar. Para se obter a oração espontânea, devemos nos forçar a orar de uma maneira particular – com a Oração de Jesus – não somente durante o serviço da igreja e durante a oração em casa, mas em todos os momentos. Homens experimentados na oração, escolhendo esta única oração endereçada ao Senhor e Salvador, estabeleceram regras para sua execução, de modo que com a ajuda delas podemos adquirir o hábito da oração auto-impelida ou espontânea. Estas regras são simples. Permaneça com a mente no coração diante do Senhor e reze a Ele: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim’. Faça isto em casa antes de iniciar as orações, nos intervalos entre elas, e no fim da oração; faça isto na igreja, e durante todo o dia, de modo a preencher cada momento do dia com a oração.
De início esta prece salvadora é, normalmente, uma questão de destemidos esforços e trabalho duro. Mas se a pessoa se concentra nela com zelo, ela começará a fluir por sua própria conta, como um córrego que murmura no coração. Esta é uma grande benção e vale à pena trabalhar duro para obtê-la.
Aqueles que com longos esforços obtiveram sucesso nesta oração prescrevem um exercício, não muito difícil, que rapidamente irá nos capacitar a dominá-la. Antes ou depois de sua regra de oração, de noite e de manhã ou durante o dia, consagre um período de tempo fixo para a execução desta única oração. Faça deste modo. Sente-se, ou – melhor ainda – fique numa posição de prece, concentre toda a sua atenção no coração diante do Senhor, completamente certo de que Ele está ali e o ouve, e O invoque: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim.’ Se quiser, acompanhe isto com inclinações da cintura, ou mesmo com prostrações. Faça isto por um quarto de hora ou meia hora – ou mais, ou menos – como lhe convir. Quanto mais zeloso seus esforços, mais rapidamente a oração será transplantada em seu coração. É melhor começar este trabalho com zelo, e não pará-lo até que tenha obtido o que deseja, e esta prece iniciar a mover por si mesma em seu coração. Depois disso você tem apenas que mantê-la em seu próprio curso.
O calor do coração ou brilho do espírito, sobre o qual falamos antes, só é obtido desta maneira. Mais a Oração de Jesus penetra no coração, mais quente o coração se torna, e, também, mais auto-impelido torna-se a oração, de modo que o fogo da vida espiritual é aceso no coração e sua combustão torna-se incessante. Ao mesmo tempo, a Oração de Jesus preencherá todo o coração, e nunca deixará de mover-se dentro dele. Esta é a razão pela qual aqueles em quem a vida interior perfeita está nascendo, oram quase que exclusivamente só com esta oração, incluindo-a inteiramente em suas regras de oração.
TEÓFAN, O RECLUSO
A brook that murmurs in the heart (p. 112)
As you begin to accustom yourself to praying as you should with prayers written by others, your own prayers and cries to God will well up in you. Never neglect these aspirations to God that manifest themselves in your soul. Every time that they arise, be still, and pray with your own words; nor think that in so praying you do harm to prayer itself. No: it is just in this way that you pray as you should, and this prayer ascends more quickly to God than any other. For this reason there is a rule applying to everyone: whether in church or at home, if your soul wishes to pray in its own and not in other men's words, give it freedom; let it pray, even if it prays thus during the whole service, or leaves undone its own rule of prayer at home and has not time to
fulfil it.
Both forms of prayer are pleasing to God—prayer recited attentively from prayer books and accompanied by suitable holy thoughts and feelings; and prayer without books and in your own words. Only perfunctory prayer is displeasing to Him, when someone reads the prayers at home or stands in church at the service without attending to the meaning of the words: the tongue reads or the ear listens, but the thoughts wander who knows where. There is no prayer here. But while both forms are pleasing to God, the prayer that is not read, but is your own, is nearer to the heart of the matter and much more fruitful.
It is not enough, however, just to wait for the desire to pray. To achieve spontaneous prayer, we must force ourselves to pray in a particular way—with the Jesus Prayer—not only during the church service and during prayer at home, but at all times. Men experienced in prayer, have chosen this one prayer, addressed to the Lord and Saviour, and have established rules for its performance, so that with its help we can acquire the habit of self-impelled or spontaneous prayer. These rules are simple. Stand with the mind in the heart before the Lord and pray to Him: ‘Lord Jesus Christ, Son of God, have mercy upon me.’ Do so at home before beginning prayers, in the intervals between prayers, and at the end of praying; do so in church, and all day long, so as to fill every moment of the day with prayer.
At first this saving prayer is usually a matter of strenuous effort and hard work. But if one concentrates on it with zeal, it will begin to flow of its own accord, like a brook that murmurs in the heart. This is a great blessing, and it is worth working hard to obtain it.
Those who with long endeavour have achieved success in this prayer prescribe a not very difficult exercise which will quickly enable us to master it. Before or after your rule of prayer, night and morning or during the day, consecrate a fixed period of time for the performance of this one prayer. Do it in this way. Sit down, or—better still—stand in a prayerful position, concentrate your attention in the heart before the Lord, in complete certainty that He is there and is listening to you, and call out to Him: 'Lord Jesus Christ, Son of God, have mercy upon me.' If you wish, accompany this with bows from the waist, or else with prostrations. Do this for a quarter or half hour—or more, or less—as it suits you. The more zealous your efforts, the more quickly will the prayer be grafted in your heart. It is best to begin this work with zeal, and not to cease until you have achieved what you wish, and this prayer starts to move of itself in your heart. After that you have only to maintain it in its course.
The warmth of heart or glow of spirit, about which we spoke before, is achieved in just this way. The more the Jesus Prayer penetrates into the heart, the warmer the heart becomes, and the more self-impelled becomes the prayer, so that the fire of spiritual life is kindled in the heart, and its burning becomes unceasing. At the same time the Jesus Prayer will fill the whole heart, and will never cease to move within it. That is why those in whom the perfect inner life is being brought to birth will pray almost exclusively with this prayer alone, making it comprise their entire rule of prayer.
THEOPHAN THE RECLUSE
O tesouro escondido da graça batismal
O dom que recebemos de Jesus Cristo no sagrado batismo não está destruído, mas somente escondido como um tesouro no chão. E tanto o bom senso como a gratidão exigem que se deva ter cuidado para desenterrar este tesouro e trazê-lo a luz. Isto pode ser feito de dois modos. O dom do batismo é revelado antes de tudo pelo meticuloso cumprimento dos mandamentos; quanto mais os colocamos em prática, mais claramente o dom brilha sobre nós em seu verdadeiro esplendor e brilho. Em segundo lugar, ele vem à luz e é revelado através da contínua invocação do Senhor Jesus, ou pela incessante lembrança de Deus, o que é uma única e mesma coisa. O primeiro método é poderoso, mas o segundo é ainda mais; tanto mais que mesmo a fidelidade aos mandamentos recebe sua plena força da oração. Por esta razão, se realmente desejamos desabrochar a semente da graça que está oculta em nós, devemos nos apressar a adquirir o hábito deste exercício do coração, e sempre praticar esta prece nele, sem qualquer imagem ou forma, até que ele aqueça nossa mente e incendeie nossa alma com um inexpressível amor por Deus e pelos homens.
S. GREGÓRIO DO SINAI
The buried treasure of baptismal grace (P. 115)
The gift which we have received from Jesus Christ in holy baptism is not destroyed, but is only buried as a treasure in the ground. And both common sense and gratitude demand that we should take good care to unearth this treasure and bring it to light. This can be done in two ways. The gift of baptism is revealed first of all by a painstaking fulfilment of the commandments; the more we carry these out, the more clearly the gift shines upon us in its true splendour and brilliance. Secondly, it comes to light and is revealed through the continual invocation of the Lord-Jesus, or by unceasing remembrance of God, which is one and the same thing. The first method is powerful but the second is more so; so much so that even fidelity to the commandments receives its full strength from prayer. For this reason, if we truly desire to bring to flower the seed of grace that is hidden within us, we should hasten to acquire the habit of this exercise of the heart, and always practise this prayer within it, without any image or form, until it warms our mind and inflames our soul with an inexpressible love towards God and men.
ST. GREGORY OF SINAI
Ceia em Emaús (Lucas xxiv. 13-35) – Rembrandt - 1648
Aja sempre com grande humildade. A necessidade de um guia espiritual
Esta oração é chamada de Oração de Jesus porque é endereçada ao Senhor Jesus, e como qualquer outra oração curta, em sua forma exterior, é verbal. Ela torna-se oração interior, e assim deve ser chamada, quando é ofertada não somente com palavras, mas com a mente e o coração, com sentimento e ciência do seu conteúdo; e especialmente quando através de prática prolongada e atenciosa, estiver tão fundida com os movimentos do espírito que só estes últimos são aparentes e as palavras parecem desvanecer-se. Toda oração curta pode elevar-se a este nível. A preferência é dada à Oração de Jesus porque ela une a alma com o Senhor Jesus: e Ele é a única porta de comunhão com Deus, que é a meta de toda prece. Ele próprio disse: “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (João xiv, 6) Portanto, quem quer que adquira esta prece ganha para si todas as riquezas da divina criação da Encarnação, onde reside nossa salvação. Ouvindo isto, você não ficará abismado por aqueles que em seu zelo pela salvação não pouparam esforços para ganhar o hábito desta prece, fazendo da sua força a deles próprios. Siga o exemplo deles.
O hábito da Oração de Jesus é externamente dominado quando as palavras começam, por elas mesmas, a se mover incessantemente na língua. Sua conquista interior envolve a indivisa atenção da mente no coração e constante permanência do ser, pleno, diante de Deus; acompanhado por vários graus de calor no coração, pela rejeição de todos os outros pensamentos, e, acima de tudo, por um contrito e humilde abrir-se ao Senhor e Salvador. Este estado espiritual é conquistado através da repetição da Prece tão frequentemente quanto possível, com nossa atenção firmemente estabelecida no coração. Através da perseverança nesta continua repetição, nós unificamos a mente de modo que ela permanece em plenitude diante de Deus. O estabelecimento de tal ordem dentro de nós mesmos é acompanhado pelo aquecimento do coração, e é seguido pela expulsão de todos os pensamentos, tanto os comuns e inofensivos como aqueles apaixonados. Quando a chama de nosso anseio por Deus começa a queimar incessantemente no coração, a ela se juntará uma sensação de paz interna na alma, como se a mente se aproximasse do Senhor em humildade e contrição
Nossos próprios esforços (sustentados pela graça de Deus) chegam somente até aí: qualquer prece superior a isto somente será um dom da graça. Os Santos Padres mencionam isto com o único propósito de mostrar àqueles que alcançaram o estágio que apenas descrevi; que eles não devem achar que nada mais têm a desejar, nem que possam imaginar que estão no verdadeiro cume da plenitude da prece ou da perfeição espiritual
Não se apresse com uma oração depois da outra, mas as diga com ordenada deliberação, como alguém que, naturalmente, se dirigisse a uma grande pessoa para pedir um favor. Também não preste atenção somente às palavras, mas, ao invés disso, permita que a mente esteja no coração, de pé diante do Senhor, com plena ciência da Sua presença, com plena consciência de Sua grandeza, graça e justiça.
Para evitar erros, tenha alguém para lhe aconselhar – um pai espiritual ou confessor, um irmão de mente similar; e faça-o saber de tudo que lhe acontece com o trabalho da prece. Por si mesmo, aja sempre com grande humildade e com a máxima simplicidade, não atribuindo nenhum sucesso a si mesmo. Saiba que o verdadeiro sucesso é conquistado dentro, inconscientemente, e acontece de modo tão imperceptível quanto o do crescimento do corpo humano. Desse modo, quando você ouvir uma voz interior dizendo: “Ah! É isto!” você deveria perceber que esta é a voz do inimigo, mostrando a você uma miragem ao invés da realidade. Este é o início do auto-engano. Abafe esta voz imediatamente, de outro modo ela ressoará em você como uma trombeta, inflando seu amor-próprio.
TEÓFAN, O RECLUSO
Act always in great humility. The need for a spiritual director
This prayer is called the Jesus Prayer because it is addressed to the Lord Jesus, and like every other short prayer, in its outward form it is verbal. It becomes inner prayer, and must be so called, when it is offered not only in words but with the mind and heart, with feeling and with awareness of its content; and especially when through long and attentive practice, it is so fused with the movements of the spirit that these last alone are apparent and the words seem to vanish. Every short prayer may rise to this level. Preference belongs to the Jesus Prayer because it unites the soul with the Lord Jesus: and He is the only door to communion with God, which is the aim of all prayer. He himself said: 'No man cometh unto the Father but by me* (John xiv. 6). Whoever, therefore, has acquired this prayer wins for himself the whole riches of the divine husbandry of the Incarnation, wherein lies our salvation. Hearing this, you will not be astonished at those who in their zeal for salvation spared no effort to gain the habit of this prayer, and made its strength their own. Follow their example.
The habit of the Jesus Prayer is outwardly mastered when the words begin by themselves to move incessantly on the tongue. Its inward achievement involves the undivided attention of the mind in the heart and constant standing of the whole being before God, accompanied by varying degrees of warmth of heart, by the casting off of all other thoughts, and above all by contrite and humble cleaving to the Lord and Saviour.
This spiritual state is achieved by repeating the Prayer as frequently as possible, with our attention firmly established in the heart. By persevering in this continual repetition we unify the mind so that it stands in wholeness before God. The establishment of such an order within ourselves is accompanied by the warming of the heart, and it is followed by the driving away of all thoughts, ordinary and harmless as well as passionate. When the flame of our longing for God begins to burn unceasingly in the heart, it will be joined by a sense of inward peace in the soul, as the mind draws near to the Lord in humility and contrition.
Our own efforts (supported by God's grace) reach only thus far: any prayer higher than this will be the gift of grace alone. The Holy Fathers mention this with the sole purpose of showing those who have reached the stage I have just described, that they should not think that they have nothing more to wish for, nor imagine that they stand on the very summit of prayerful or spiritual perfection.
Do not rush one prayer after another, but say them with orderly deliberation, as one would normally address a great person from whom one asked a favour. Yet do not just pay attention to the words, but rather let the mind be in the heart, standing before the Lord in full awareness of His presence, in full consciousness of His greatness and grace and justice.
For the avoidance of errors, have someone to advise you—a spiritual father or confessor, a brother of like mind; and make known to him all that happens to you in the work of prayer. For yourself, act always in great humility and with the utmost simplicity, not ascribing any success to yourself. Know that true success is achieved within, unconsciously, and happens as imperceptibly as the growth of the human body. Therefore when you hear an inner voice saying: ‘Ah! Here it is!’ you should realize that this is the voice of the enemy, showing you a mirage rather than the reality. This is the beginning of self-deception. Stifle this voice immediately, otherwise it will resound in you like a trumpet, inflating your self-esteem.
THEOPHAN THE RECLUSE
José, Filho de Jacó, acusado pela Esposa do Potifar (Gênesis Cap.39 7-23)- – Rembrandt - 1655
Nenhum progresso sem sofrimento
Deve ser percebido que o verdadeiro sinal do empenho espiritual e o preço do sucesso nele é o sofrimento. Aquele que prossegue sem sofrimento não colherá fruto. Dor do coração e esforço físico trazem à luz o dom do Espírito Santo, outorgado no sagrado batismo sobre todo crente, escondido pelas paixões através de nossa negligência em colocar em prática os mandamentos, e trazido uma vez mais à vida pelo arrependimento, através da indescritível misericórdia de Deus. Por causa do sofrimento que os acompanha, não cesse de fazer diligentes esforços para que você não seja condenado como infrutífero e ouça as palavras: ‘Tirai-lhe o talento que tem’ (Mateus xxv. 28). Cada luta no treinamento da alma, seja física ou mental, que não é acompanhada por sofrimento, que não exige o máximo esforço, não dará fruto. ‘O Reino dos Céus sofre violência, e os violentos o tomam pela força.’ (Mateus. xi. 12). Muitas pessoas trabalharam e continuam a trabalhar sem dor, mas por causa desta ausência elas são estranhas à pureza e afastadas da comunhão com o Espírito Santo, porque se desviaram da severidade do sofrimento. Aqueles que trabalham débeis e descuidadamente podem ir através de movimentos que pedem grandes esforços, mas não colhem nenhum fruto, porque não se submetem a nenhum sofrimento. De acordo com o profeta, a menos que nossos lombos sejam quebrados, enfraquecidos pelo labor do jejum, a menos que sejamos submetidos a uma agonia de contrição, a menos que se sofra como uma mulher no parto, não seremos bem sucedidos em dar nascimento ao espírito da salvação no solo de nosso coração.
TEÓFAN, O RECLUSO
No progress without suffering (p. 117)
It must be realized that the true sign of spiritual endeavour and the price of success in it is suffering. He who proceeds without suffering will bear no fruit. Pain of the heart and physical striving bring to light the gift of the Holy Spirit, bestowed in holy baptism upon every believer, buried in passions through our negligence in fulfilling the commandments, and brought once more to life by repentance, through the ineffable mercy of God. Do not, because of the suffering that accompanies them, cease to make painstaking efforts, lest you be condemned for fruitlessness and hear the words, ‘Take the talent from him’ (Matt. xxv. 28). Every struggle in the soul's training, whether physical or mental, that is not accompanied by suffering, that does not require the utmost effort, will bear no fruit. 'The kingdom of heaven suffereth violence, and the violent take it by force' (Matt. xi. 12). Many people have worked and continue to work without pain, but because of its absence they are strangers to purity and out of communion with the Holy Spirit, because they have turned aside from the severity of suffering. Those who work feebly and carelessly may go through the movements of making great efforts, but they harvest no fruit, because they undergo no suffering. According to the prophet, unless our loins are broken, weakened by the labour of fasting, unless we undergo an agony of contrition, unless we suffer like a woman in travail, we shall not succeed in bringing to birth the spirit of salvation in the ground of our heart.
THEOPHAN THE RECLUSE
Deus Sustentando o Cristo Crucificado – Holanda – Séc. XV
O outro lado do Jordão
A prática da Oração de Jesus culmina na obtenção da pura prece, que é coroada por impassibilidade ou perfeição Cristã – um dom de Deus, que Ele concede aos lutadores espirituais como Lhe agrada escolher.
S. Isaac, o Sírio diz: ‘O dom da pura prece não é concedido a muitos, mas somente a poucos. De uma geração para outra, raramente uma única pessoa alcança a realização do mistério em pura prece e, pela graça e pelo amor de Deus, alcança o outro lado do Jordão. ’
BISPO IGNATII
The other side of Jordan (p. 117)
The practice of the Jesus Prayer culminates in the attainment of pure prayer, which is crowned by passionlessness or Christian perfection—a gift of God, which He grants to such spiritual wrestlers as it pleases Him to choose.
St. Isaac the Syrian says: ‘Not many are granted the gift of pure prayer, but only the few. From one generation to another, there is scarcely a single person who attains to the mystery fulfilled in pure prayer and who, by the grace and love of God, reaches the other side of Jordan.’
BISHOP IGNATII
Uma Antologia Ortodoxa
compilada pelo
Hegúmeno Chariton de Valamo
CAPÍTULO III
A ORAÇÃO DE JESUS por vários autores
(iii) A ORAÇÃO DE JESUS – Parte 2
Deus com Três Faces – Estátua Dourada – Colônia – Séc. XVII
O lugar das técnicas respiratórias (i)
No tratado de Simeão, o Novo Teólogo, sobre as três formas de oração, nos trabalhos de Nicéforo, o Monge , e na Centúria de Calisto e Inácio Xanthopouloi – todas pertencentes à Filocalia – o leitor encontrará instruções sobre a técnica onde a mente pode ser introduzida ao coração com o auxílio da respiração física; em outras palavras, um método mecânico desenvolvido para nos ajudar a obter a oração interna. Este ensinamento dos Padres criou e continua a criar muitas perplexidades para seus leitores, embora de fato não haja, realmente, nada de difícil a respeito. Nós aconselhamos nossos amados irmãos a não tentar a prática desta técnica mecânica a menos que ela se estabeleça por si própria neles. Muitos que tentaram aprendê-la pela experiência prática prejudicaram seus pulmões e não conseguiram nada. A coisa essencial para a mente é unir-se ao coração na oração, e isto é efetuado pela graça divina, em seu próprio tempo, determinada por Deus. O método mecânico descrito nestes escritos é plenamente substituído por uma tranquila repetição da prece, com breve pausa depois de cada uma, uma respiração calma e constante, e um envolvimento da mente nas palavras da oração. Com o auxílio de tais meios podemos facilmente obter certo grau de atenção. Pouco tempo depois, o coração começa a estar em simpatia com a atenção da mente na medida em que ela está orando. Pouco a pouco, a simpatia do coração com a mente começa a transformar-se numa união da mente e do coração; e então a técnica mecânica sugerida pelos Padres aparecerá por si própria. Todos os métodos mecânicos de caráter material são sugeridos pelos Padres apenas como auxílios para uma mais rápida e fácil obtenção da atenção durante a prece, e não como algo essencial. O elemento essencial e indispensável na prece é a atenção. Sem atenção não há oração. A verdadeira atenção, dada pela graça, chega quando nosso coração morre para o mundo. Auxílios sempre permanecem sendo nada mais que auxílios. A união da mente com o coração é uma união dos pensamentos espirituais da mente com os sentimentos espirituais do coração.
BISPO IGNATII
The place of breathing techniques (i) (p. 104)
In the treatise of Simeon the New Theologian about the three forms of prayer, in the works of Nikephoros the Monk, and in the Century of Kallistos and Ignatius Xanthopoulos—all contained in the Philokalia—the reader will find instructions about the technique whereby the mind can be introduced into the heart with the aid of physical breathing—in other words, a mechanical method designed to help us achieve inner prayer. This teaching of the Fathers has created and continues to create many perplexities for its readers, although in fact there is really nothing difficult about it. We advise our beloved brethren not to try to practise this mechanical technique unless it establishes itself in them of its own accord. Many who have attempted to learn it by practical experience have damaged their lungs and achieved nothing. The essential thing is for the mind to unite with the heart at prayer, and this is accomplished by divine grace, in its own time, determined by God. The mechanical method described in these writings is fully replaced by an unhurried repetition of the prayer, a brief pause after each prayer, quiet and steady breathing, and enclosing the mind in the words of the prayer. With the aid of such means we can easily achieve a certain degree of attention. Before long the heart begins to be in sympathy with the attention of the mind as it prays. Little by little the sympathy of the heart with the mind begins to change into a union of mind and heart; and then the mechanical technique suggested by the Fathers will appear by itself. All the mechanical methods of a material character are suggested by the Fathers solely as aids for a quicker and easier attainment of attention during prayer, and not as something essential. The essential, indispensable element in prayer is attention. Without attention there is no prayer. True
attention, given by grace, comes when we make our heart dead to the world. Aids always remain no more than aids. The union of the mind with the heart is a union of the spiritual thoughts of the mind with the spiritual feelings of the heart.
BISHOP IGNATII
S. Máximo de Kapsokalyvia – Monte Atos – Séc. XIV.
O lugar das técnicas respiratórias (ii)
S. Simeão e outros escritores na Filocalia sugerem métodos físicos para serem usados em conjunto com a Oração de Jesus. Algumas pessoas ficam tão absorvidas nestes métodos externos que elas esquecem o apropriado trabalho da prece; em outros, a própria prece é distorcida pelo uso destes métodos. Desde que, pois, por falta de instrutores, estas técnicas físicas podem ser acompanhadas por efeitos prejudiciais, nós não as descrevemos. De qualquer modo, elas nada mais são do que um auxílio externo para o trabalho interno e não são, de maneira alguma, essenciais. O que é essencial é isto: obter o hábito de permanecer com a mente no coração – de estar dentro deste nosso coração físico, embora não fisicamente.
É necessário fazer a mente descer da cabeça ao coração e se estabelecer ali, ou, como um dos Padres o colocou, unir a mente com o coração. Mas como isto pode ser obtido?
Busque e você encontrará. O modo mais fácil para obter isto é caminhando diante de Deus, e através do trabalho da oração, especialmente indo a Igreja.
Mas devemos lembrar que nossa é somente a labuta; o objeto em si, isto é, a união da mente e do coração, é um dom da graça, que o Senhor nos concede tanto e quando Ele quer. O melhor exemplo é aquele de Máximo de Kapsokalyvia.
TEÓFAN, O RECLUSO
The place of breathing techniques (ii) (p. 105)
St. Simeon and other writers in the Philokalia suggest physical methods to be used in conjunction with the Jesus Prayer. Some people are so much absorbed in these external methods that they forget about the proper work of prayer; in others, prayer itself is distorted because of using these methods. Since, then, for lack of instructors these physical techniques may be accompanied by harmful effects, we do not describe them. In any case they are nothing but an external aid to inner work and are in no way essential. What is essential is this: to acquire the habit of standing with the mind in the heart—of being within this physical heart of ours, although not physically.
It is necessary to bring the mind down from the head into the heart and to establish it there, or, as one of the Fathers put it, to join the mind with the heart. But how can this be achieved?
Seek and you will find. The easiest way to achieve it is by walking before God, and by the work of prayer, especially by going to church.
But we must remember that ours is only the labour; the object itself, that is, the union of mind and heart, is a gift of grace, which the Lord grants to us as and when He chooses. The best example is Maximos of Kapsokalyvia.
THEOPHAN THE RECLUSE
Crianças conversando com seu Pai
Não se deixe levar por métodos externos ao praticar a interna Oração de Jesus. Para algumas pessoas elas são necessárias, mas não para você. Em seu caso, o tempo para tais métodos já passou. Você já deve ter conhecido, por experiência, o local do coração sobre o qual eles falam: não se preocupe pelo resto. O trabalho de Deus é simples: é a oração – crianças conversando com seu Pai, sem quaisquer subterfúgios. Possa o Senhor lhe dar sabedoria para sua salvação.
Para aquele que ainda não encontrou o caminho para entrar dentro de si, peregrinações a lugares sagrados são uma ajuda. Mas para aquele que o encontrou elas são uma dissipação de energia, pois o forçam a sair da mais íntima das partes de si mesmo. É o momento para você, agora, aprender mais perfeitamente como ficar dentro. Você deveria abandonar seus planos externos.
TEÓFAN O RECLUSO
Children talking to their Father (P. 106)
Do not be led astray by external methods when practising the inner Jesus Prayer. For some people they are necessary, but not for you. In your case, the time for such methods has already passed. You must already know by experience the place of the heart about which they speak: do not bother about the rest. The work of God is simple: it is prayer—children talking to their Father, without any subtleties. May the Lord give you wisdom for your salvation.
For someone who has not yet found the way to enter within himself, pilgrimages to holy places are a help. But for him who has found it they are a dissipation of energy, for they force him to come out from the innermost part of himself. It is time for you now to learn more perfectly how to remain within. You should abandon your external plans.
THEOPHAN THE RECLUSE
Crescimento na oração não tem fim
Você lê a Filocalia? Bom. Não se deixe confundir pelos escritos de Inácio e Calisto Xanthopouloi, Gregório do Sinai, e Nicéforo. Tente achar se alguém tem a vida do stárets Paissy Velichkovsky. Ela contém prefácios a certos textos na Filocalia, compostos pelo stárets Basil , e estes prefácios explicam sobre o lugar das técnicas mecânicas quando se recita a Oração de Jesus. Eles irão ajudá-lo, também, a compreender todas as coisas corretamente. Eu já havia lhe dito que no seu caso estas técnicas mecânicas não são mais necessárias. O que elas iriam produzir você já possui do momento que você sentiu o chamado à prática da Prece. Mas não chegue a concluir, equivocadamente, que sua jornada no caminho da oração já se completou. O crescimento na oração não tem um fim. Se este crescimento pára significa que a vida pára. Possa o Senhor salvá-lo e lhe ter misericórdia! É possível perder o estado correto, e aceitar a mera memória dele como sendo o próprio estado. Deus proíba que isto aconteça a você!
Você sente que sofre de pensamentos errantes. Tome cuidado: isto é muito perigoso. O inimigo quer conduzi-lo em algum matagal e ali matá-lo. Os pensamentos começam a errar quando o temor a Deus diminui e o coração se resfria. O resfriamento do coração é causado por muitas coisas – principalmente, por convencimento e presunção. Estes estão muito próximos da sua natureza. Atento a eles, e apresse-se em restaurar o temor a Deus e um sentimento de calor em sua alma.
TEÓFAN, O RECLUSO
Growth in prayer has no end (p. 106)
You read the Philokalia? Good. Do not let yourself be confused by the writings of Ignatios and Kallistos Xanthopoulos, Gregory of Sinai, and Nikephoros. Try to find whether someone has the life of the staretz Paissy Velichkovsky. It contains prefaces to certain texts in the Phiiokalia, composed by the staretz Basil, and these prefaces explain about the place of mechanical techniques when reciting the Jesus Prayer. They will help you, too, to understand everything correctly. I have already told you that in your case these mechanical techniques are not necessary. What they would produce you already possessed from the moment you felt the call to practise the Prayer. But do not come to the wrong conclusion that your journey on the path of prayer is already completed. Growth in prayer has no end. If this growth ceases it means that life ceases. May the Lord save you and have mercy on you! It is possible to lose the right state, and to accept the mere memory of it as being the state itself. God forbid that this should happen to you!
You feel that you suffer from wandering thoughts. Take care: this is very dangerous. The enemy wants to drive you into some thicket and kill you there. Thoughts begin to wander when the fear of God decreases and the heart grows cool. The cooling down of the heart is caused by many things—chiefly by smugness and conceit. These are very close to your nature. Beware of them, and make haste to restore the fear of God and a feeling of warmth to your soul.
THEOPHAN THE RECLUSE
Dois dos Quatro Volumes da Filocalia Grega em Inglês – (Faber & Faber – 1995)
Leitura espiritual. Autores Russos são mais fáceis que os Gregos
Todos os escritos dos Padres Gregos são dignos do mais profundo respeito pela riqueza da graça e sabedoria espiritual que residem neles e respiram deles. Mas os escritos dos Padres Russos nos são mais acessíveis que aqueles das autoridades gregas, devido à particular clareza e simplicidade de exposição deles, e também porque eles nos são mais próximos no tempo. Os escritos do stárets Basil são os primeiros livros que deveriam ser consultados por qualquer um que deseja praticar a Oração de Jesus com sucesso. Na verdade, o stárets os escreveu especialmente com este propósito em mente. Ele os batizou de ‘introduções’ ou ‘estudos preliminares’, que preparam o leitor para os Padres Gregos.
BISPO IGNATII
Spiritual reading. Russian authors are easier than Greek (p. 107)
All the writings of the Greek Fathers are worthy of the deepest respect because of the wealth of grace and spiritual wisdom living in them and breathing from them. But the writings of Russian Fathers are more accessible to us than those of the Greek authorities, owing to their particular clarity and simplicity of exposition, and also because they are closer to us in time. The writings of the staretz Basil are the first book which should be consulted by anyone wishing to practise the Jesus Prayer successfully. Indeed, the staretz wrote them specially with this purpose in mind. He termed them 'introductions' or 'preliminary studies', which prepare the reader for the Greek Fathers.
BISHOP IGNATII
Como planejar nossa leitura
Na questão da leitura deveríamos ter em mente a principal meta de nossa vida, e escolher aquelas coisas que estão de acordo com ela. Então, aquilo que resultar ficará integrado, coerente, e, portanto, forte. Esta solidez de conhecimento e convicção também dará força ao nosso caráter como um todo.
TEÓFAN, O RECLUSO
How to plan our reading (P. 107)
In the question of reading we should bear in mind the principal aim of our life and choose those things which accord with it. Then something will result that is integrated, coherent, and therefore strong. This solidity of knowledge and conviction will give strength also to our character as a whole.
THEOPHAN THE RECLUSE
A Arte da Prece – (Faber & Faber, 1997)
Mãe de Deus – Versão do Ícone de Feodorovskaya – Rússia Séc. XX
Não são as palavras que importam, mas seu amor por Deus
Se o seu coração se aquece através da leitura de preces comuns, então acenda seu calor interno a Deus desta maneira.
A Oração de Jesus, se dita mecanicamente, é sem valor: não é de maior ajuda que qualquer outra prece falada por língua e lábios. Ao recitar a Oração de Jesus, tente, ao mesmo tempo, ativar a percepção de que nosso Senhor Ele Próprio está perto, que Ele está em sua alma e escuta o que está acontecendo ali dentro. Desperte em sua alma a sede pela salvação, e a certeza de que só nosso Senhor pode trazê-la. E então clame Àquele que você vê diante, em seus pensamentos: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim’, ou: ‘Oh, misericordioso Senhor, me salva pelo caminho que Tu conheces’. Não são as palavras que importam, mas seus sentimentos em direção ao Senhor.
A combustão espiritual do coração a Deus nasce do nosso amor por Ele. O coração se acende através do toque do Senhor. Porque Ele é inteiramente amor, Seu toque no coração, imediatamente, acende amor por Ele; e deste amor chega a combustão do coração em direção a Ele. É isto que deve ser o objeto de sua busca.
Faça com que a Oração de Jesus esteja na sua língua; faça com que a presença de Deus esteja diante de sua mente; e em seu coração faça com que haja sede por Deus, por comunhão com o Senhor. Quando tudo isto tornar-se permanente, então o Senhor, vendo como você se esforça, dará aquilo que você pede.
TEÓFAN, O RECLUSO
It is not the words that matter, but your love for God (p. 108)
If your heart grows warm through reading ordinary prayers, then kindle its inner warmth towards God in this way.
The Jesus Prayer, if said mechanically, is valueless: it is no more help than any other prayer spoken by the tongue and lips. As you recite the Jesus Prayer, try at the same time to quicken your realization that our Lord Himself is near, that He stands in your soul and listens to what is happening within it. Awaken in your soul the thirst for salvation, and the assurance that our Lord alone can bring it. And then cry out to Him whom in your thoughts you see before you: ‘Lord Jesus Christ, Son of God, have mercy upon me,’ or: ‘O merciful Lord, save me by the way that Thou knowest.’ It is not the words that matter, but your feelings towards the Lord.
The spiritual burning of the heart for God springs from our love towards Him. It kindles from the Lord's touch on the heart. Because He is entirely love, His touch on the heart immediately kindles love for Him; and from love comes burning of the heart towards Him. It is this which must be the object of your search.
Let the Jesus Prayer be on your tongue; let God's presence be before your mind; and in your heart let there be the thirst for God, for communion with the Lord. When all this becomes permanent, then the Lord, seeing how you exert yourself, will give you what you ask.
THEOPHAN THE RECLUSE
Deus Criando a Luz – Alfa e Ômega - Iluminura de Manuscrito
A centelha de Deus
O que nós buscamos através da Oração de Jesus? Buscamos que o fogo da graça apareça em nosso coração, e buscamos pelo início da oração incessante que manifesta um estado de graça. Quando a centelha de Deus cai no coração, a Oração de Jesus a ventila até pegar fogo. Por si mesma a oração não produz a centelha, mas nos ajuda a recebê-la. Como ela ajuda? Reunindo nossos pensamentos, capacitando a alma a estar diante do Senhor e a caminhar em Sua presença. Esta é a parte mais importante – permanecer e caminhar diante de Deus, clamar por Ele do nosso coração. Isto foi o que Máximo de Kapsokalyvia fez e todos aqueles que buscam o fogo da graça deveriam fazer o mesmo. Eles não deveriam se preocupar com palavras e posições do corpo, pois Deus olha para o coração.
Eu estou lhe contando isto porque algumas pessoas esquecem completamente sobre o chamado do coração. Toda a preocupação delas está nas palavras e na posição do corpo, e tendo recitado a Oração de Jesus certo número de vezes numa escolhida posição, com prostrações, descansam satisfeitas com isto, não sem auto-estima, não sem criticar aqueles que vão a igreja para a ordem habitual de oração. Algumas pessoas vivem suas vidas desta forma e são desprovidas de graça.
Se alguém me perguntasse como realizar a tarefa da oração, eu diria a ele: habitue-se a caminhar na presença de Deus, mantenha a recordação Dele, e seja reverente. Para preservar esta recordação, escolha umas poucas preces curtas, ou simplesmente pegue as vinte e quatro preces curtas de S. João Crisóstomo, e as repita frequentemente com sentimentos e pensamentos apropriados. Na medida em que se habituar a isto, a recordação de Deus trará luz à sua mente e calor ao seu coração. E quando obtiver este estado, a centelha de Deus, o raio da graça, cairá finalmente em seu coração. Não há outra maneira pela qual você pode produzi-la: ela vem direta de Deus. Quando ela chegar, conserve-se apenas na Oração de Jesus, e, com esta prece, assopre a centelha até as chamas. Este é o caminho mais direto.
TEÓFAN, O RECLUSO
God's spark (p. 108)
What do we seek through the Jesus Prayer? We seek for the fire of grace to appear in our heart, and we seek for the beginning of unceasing prayer which manifests a state of grace. When God's spark falls into the heart, the Jesus Prayer fans it into flame. The prayer does not of itself produce the spark, but helps us to receive it. How does it help ? By collecting our thoughts, by enabling the soul to stand before the Lord and to walk in His presence. This is the most important part—to stand and walk before God, to call on Him out of our heart. This was what Maximos of Kapsokalyvia did: and all those who seek the fire of grace should do the same. They should not worry about words and positions of the body, for God looks upon the heart.
I am telling you this because some people altogether forget about calling from the heart. Their whole concern is with the words and with the position of the body, and having recited the Jesus Prayer a certain number of times in their chosen position, with prostrations, they rest satisfied with this, not without self-esteem, not without criticism of those who go to church for the usual order of prayer. Some people live out their lives in this way and are devoid of grace.
If anyone should ask me how to carry out the task of prayer, I would say to him: Accustom yourself to walk in the presence of God, keep remembrance of Him, and be reverent. To preserve this remembrance, choose a few short prayers, or simply take the twenty-four short prayers of St. John Chrysostom, and repeat them often with appropriate thoughts and feelings. As you accustom yourself to this, remembrance of God will bring light to your mind and warmth to your heart. And when you attain this state, God's spark, the ray of grace, will fall at last into your heart. There is no way in which you yourself can produce it: it comes forth direct from God. When it comes, dwell in the Jesus Prayer alone, and with this prayer blow the spark of grace into flame. This is the most direct way.
THEOPHAN THE RECLUSE
Uma pequena centelha
Mais tarde, quando notar que alguém começa a ir mais profundamente à oração, você pode sugerir-lhe que use a Oração de Jesus incessantemente, sempre preservando a lembrança de Deus com temor e reverência. A oração é o mais essencial. O que devemos buscar, principalmente, na oração é a recepção de uma pequena centelha, como a que foi dada a Máximo de Kapsokalyvia. Esta centelha não é atraída por nenhum artifício, mas é dada livremente pela graça de Deus. Por isto o incansável esforço da oração é necessário, como S. Macário diz: ‘Se você deseja obter a oração verdadeira, persevere firmemente na oração, e Deus, vendo quão arduamente você busca, lha dará. ’
TEÓFAN, O RECLUSO
A small spark (p.108)
Later, when you notice that someone begins to go more deeply into prayer, you can suggest to him that he should use the Jesus Prayer unceasingly, always preserving the remembrance of God with fear and reverence. Prayer is the great essential. What we must chiefly seek in prayer is the reception of a small spark, such as was given to Maximos of Kapsokalyvia. This spark is not to be attracted by any artifice, but is given freely by the grace of God. For this the unwearied effort of prayer is necessary, as St. Makarios says: 'If you wish to acquire true prayer, persevere steadfastly in praying, and God, seeing how strenuously you seek, will give it to you.'
THEOPHAN THE RECLUSE
Casa Iluminada - Thomas Kinkade -EUA
Um córrego murmurante
Você pergunta o que é necessário ao rezar a Oração de Jesus. O que fez estava correto. Lembre-se como fez, e continue da mesma maneira. Eu vou lembrar-lhe apenas de uma coisa: deve-se descer com a mente para o coração, e ali permanecer diante da face do Senhor, sempre presente, que tudo vê dentro de você. A oração tem uma firme e constante sustentação quando uma pequena chama começa a queimar no coração.
Tente não apagar este fogo, e ele se estabelecerá de tal modo que a oração repete a si mesma: e então terá dentro de si um pequeno córrego murmurante, para usar a expressão do stárets Parthenii da Lavra de Kiev. E um dos primeiros Padres disse: ‘Quando ladrões se aproximam de uma casa esgueirando-se até ela para roubá-la, e ouvem que alguém está falando dentro, não se atrevem a entrar; da mesma maneira, quando nossos inimigos tentam assaltar a alma e tomar possessão dela, eles rastejam por tudo envolta mas temem entrar quando ouvem o jorro de uma curta oração. '
TEÓFAN, O RECLUSO
A murmuring stream (p. 110)
You ask what is needful in praying the Jesus Prayer. What you did was correct. Remember how you did it, and continue in the same way. I will remind you of only one thing: one must descend with the mind into the heart, and there stand before the face of the Lord, ever-present, all-seeing, within you. The prayer takes a firm and steadfast hold when a small fire begins to burn in the heart.
Try not to quench this fire, and it will become established in such a way that the prayer repeats itself: and then you will have within you a small murmuring stream, to use the expression of the staretz Parthenii of the Kiev Lavra. And one of the early Fathers said: 'When thieves approach a house in order to creep up to it and steal, and hear someone inside talking, they do not dare to climb in; in the same way, when our enemies try to steal into the soul and take possession of it, they creep all round but fear to enter when they hear that short prayer welling out.'
THEOPHAN THE RECLUSE
Esforços humanos e a graça de Deus
Há somente poucas palavras na Oração de Jesus, mas elas contêm tudo. Faz tempo que se reconheceu que esta oração poderia, uma vez fosse adquirida como um hábito, tomar o lugar de todas as outras preces orais. Alguém que se esforça pela salvação é ignorante deste método? Se utilizada da maneira prescrita pelos Santos Padres, esta oração tem grande poder; mas entre aqueles que adquiriram o hábito de recitá-la, nem todos descobriram seu poder, nem todos saborearam seus frutos. Por que isto ocorre? Por que eles desejam alcançar por si mesmos aquilo que é um presente de Deus, vindo somente através de Sua graça.
Não precisamos de qualquer ajuda especial de Deus para iniciar o trabalho de repetir esta oração ao amanhecer, ao anoitecer, ao caminhar, ao sentar-se, ao deitar-se, trabalhando ou descansando. Por sermos assim sempre ativos, podemos, por nós mesmos, treinar a língua a repetir a Oração mesmo sem um esforço consciente. Certo alívio no pensamento pode se seguir a isto, e até mesmo uma espécie de calor do coração. Mas tudo isto, diz o monge Nicéforos na Filocalia, é somente a ação e fruto dos nossos próprios esforços. Parar neste ponto e permanecer satisfeito com uma mera habilidade de papagaio em recitar as palavras Senhor, tenha piedade: é imaginar que obtivemos algo quando realmente não obtivemos nada. Isto é o que acontece quando caímos no hábito de repetir as palavras desta prece mecanicamente, sem compreender o que a prece realmente é. Como resultado, ficamos satisfeitos com os princípios naturais da sua ação, e deixamos de olhar adiante. Mas quem quer que tenha compreendido a natureza da oração continuará a busca. Percebendo que não importa quão diligentemente segue as instruções dos mais velhos as verdadeiras gratificações da oração ainda lhe escapam, ele deixará de esperá-las por seus próprios esforços e depositará toda sua esperança em Deus. A partir deste momento a graça pode fluir até ele; e, num dado momento conhecido somente por ela própria, ela transplantará a oração em seu coração. Todas as coisas, como nos ensinam os mais velhos, continuarão externamente iguais: a única diferença residirá em nosso poder interior.
O que é verdadeiro para esta prece é verdadeiro para todas as formas de crescimento espiritual. Um homem de temperamento quente pode estar pleno de desejo de acabar com a irritabilidade e obter a mansidão. Nos livros de ascetismo existem instruções de como disciplinar a si próprio para obter isto. Um homem pode ler estas instruções e segui-las; mas quão longe chegará por seus próprios esforços? Não mais longe do que silêncio externo durante os acessos de raiva, reprimindo somente o tanto da raiva que o auto-controle lhe permite. Por si mesmo, ele nunca conseguirá a completa extinção de sua raiva e o estabelecimento da mansidão em seu coração. Isto apenas acontece quando a graça invade o coração e ela mesma coloca a mansidão ali.
Isto é verdadeiro para toda qualidade espiritual. Qualquer coisa que possa estar buscando, busque-a com toda sua força, mas não espere que sua própria busca e seus esforços tragam frutos por eles mesmos. Ponha sua confiança no Senhor, nada atribuindo a si próprio, e Ele lhe dará o desejo do seu coração. (Sl. xxxvii. 3-4.)
Ore assim: ‘Eu desejo e busco, apressa-Te a mim, pela Tua justiça.’ O Senhor disse: ‘Sem mim, nada podeis fazer.’ (João xv. 5), e esta lei é cumprida com exatidão na vida espiritual; ela não se desvia nem por um fio de cabelo. Quando as pessoas perguntam: ‘O que devo fazer para adquirir esta ou aquela virtude?’ há uma única resposta: ‘Volte-se ao Senhor e Ele lha dará. Não há outro meio para encontrar o que você busca. ’
TEÓFAN, O RECLUSO
Human efforts and the grace of God
There are only a few words in the Jesus Prayer, but they contain everything. From of old it was recognized that this prayer, once acquired as a habit, could take the place of all other oral prayers. Is anyone who strives for salvation ignorant of this method? If used in the way described by the Holy Fathers, this prayer has great power; but among those who acquire the habit of reciting it, not all discover its power, not all taste of its fruits. Why should this be so? It is because they wish to grasp for themselves that which is a gift of God, coming only by His grace.
We do not need any special help from God in order to begin the work of repeating this prayer in the morning, in the evening, walking, sitting, lying down, working, or at leisure. By being always active in this way we can of ourselves train the tongue to repeat the Prayer even without conscious effort. A certain easement of thought may follow from this, even a kind of warmth of heart. But all of this, says the monk Nikephoros in the Philokalia, is only the action and fruit of our own efforts. To stop at this point is to remain satisfied merely with a parrot-like facility in reciting the words Lord, have mercy: it is to imagine that we have achieved something when in reality we have achieved nothing at all. This is what happens when we fall into the habit of repeating the words of this prayer mechanically without understanding what prayer really is. As a result we rest satisfied with the natural beginnings of its action, and cease to look any further. But whoever has truly understood the nature of prayer will continue to search. Realizing that no matter how diligently he follows the instructions of the elders the true rewards of prayer still elude him, he will cease to expect them from his own efforts and will lay all his hope on God. From this moment grace can flow into him; and at a moment known only to itself it will graft the prayer into his heart. Everything, as the elders teach us, will be outwardly the same: the difference will lie in our inner power.
What is true of this prayer is true of all forms of spiritual growth. A hot-tempered man may be filled with the desire to stamp out irritability and acquire meekness. In the books on asceticism there are instructions how to discipline oneself into achieving this. A man can read these instructions and follow them; but how far will he get by his own efforts? No farther than outward silence during bouts of anger, with only such quelling of the rage itself as self-control can afford him. He will never himself attain the complete extinction of his anger and the establishment of meekness in his heart. This only happens when grace invades the heart and itself places meekness there.
This is true of every spiritual quality. Whatever you may be seeking, seek it with all your strength, but do not expect your own search and efforts to bear fruit of themselves. Put your trust in the Lord, ascribing nothing to yourself, and He will give you your heart's desire (Ps. xxxvi. 3-4 Sept.)
Pray thus: ‘I desire and seek, quicken Thou me by Thy righteousness.’ The Lord has said 'Without me ye can do nothing' (John xv. 5), and this law is fulfilled with exactitude in the spiritual life; it does not swerve by a hair's breadth. When people ask ‘What must I do to acquire this or that virtue?’ there is only one answer: ‘Turn to the Lord and He will give it to you. There is no other way to find what you seek.’
THEOPHAN THE RECLUSE
Um córrego que murmura no coração
Na medida em que começar a se acostumar a orar como deve com as preces escritas por outros, suas próprias preces e invocações a Deus irão afluir em você. Nunca negligencie estas aspirações a Deus que se manifestam em sua alma. Toda vez que surgirem, esteja calmo, e ore com suas próprias palavras; nem pense que orando assim você prejudica a oração em si mesma. Não: somente deste modo você ora como deve, e esta prece ascende mais rapidamente a Deus que qualquer outra. Por esta razão há uma regra que se aplica a qualquer um: seja em casa ou na igreja, se sua alma deseja orar por sua própria conta e não com palavras de outros homens, dê liberdade a ela; deixe-a orar, mesmo se ela orar assim durante todo o serviço, ou deixar incompleta sua própria regra de oração em casa e não encontrar tempo para terminá-la.
Ambas as formas de oração são agradáveis a Deus – preces atenciosamente recitadas dos livros de oração e acompanhadas por adequados sentimentos e pensamentos sagrados; e preces sem livros vindas de suas próprias palavras. Apenas a oração negligente O desagrada, quando alguém lê as preces em casa ou permanece no serviço da igreja sem atentar para o significado das palavras: a língua lê ou o ouvido escuta, mas os pensamentos vagam sabe lá onde. Não há oração aqui. Mas, enquanto ambas as formas são agradáveis a Deus, a oração que não é lida, mas é sua própria, está mais perto do coração da questão e é muito mais proveitosa.
Não é suficiente, entretanto, apenas esperar pelo desejo de orar. Para se obter a oração espontânea, devemos nos forçar a orar de uma maneira particular – com a Oração de Jesus – não somente durante o serviço da igreja e durante a oração em casa, mas em todos os momentos. Homens experimentados na oração, escolhendo esta única oração endereçada ao Senhor e Salvador, estabeleceram regras para sua execução, de modo que com a ajuda delas podemos adquirir o hábito da oração auto-impelida ou espontânea. Estas regras são simples. Permaneça com a mente no coração diante do Senhor e reze a Ele: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim’. Faça isto em casa antes de iniciar as orações, nos intervalos entre elas, e no fim da oração; faça isto na igreja, e durante todo o dia, de modo a preencher cada momento do dia com a oração.
De início esta prece salvadora é, normalmente, uma questão de destemidos esforços e trabalho duro. Mas se a pessoa se concentra nela com zelo, ela começará a fluir por sua própria conta, como um córrego que murmura no coração. Esta é uma grande benção e vale à pena trabalhar duro para obtê-la.
Aqueles que com longos esforços obtiveram sucesso nesta oração prescrevem um exercício, não muito difícil, que rapidamente irá nos capacitar a dominá-la. Antes ou depois de sua regra de oração, de noite e de manhã ou durante o dia, consagre um período de tempo fixo para a execução desta única oração. Faça deste modo. Sente-se, ou – melhor ainda – fique numa posição de prece, concentre toda a sua atenção no coração diante do Senhor, completamente certo de que Ele está ali e o ouve, e O invoque: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim.’ Se quiser, acompanhe isto com inclinações da cintura, ou mesmo com prostrações. Faça isto por um quarto de hora ou meia hora – ou mais, ou menos – como lhe convir. Quanto mais zeloso seus esforços, mais rapidamente a oração será transplantada em seu coração. É melhor começar este trabalho com zelo, e não pará-lo até que tenha obtido o que deseja, e esta prece iniciar a mover por si mesma em seu coração. Depois disso você tem apenas que mantê-la em seu próprio curso.
O calor do coração ou brilho do espírito, sobre o qual falamos antes, só é obtido desta maneira. Mais a Oração de Jesus penetra no coração, mais quente o coração se torna, e, também, mais auto-impelido torna-se a oração, de modo que o fogo da vida espiritual é aceso no coração e sua combustão torna-se incessante. Ao mesmo tempo, a Oração de Jesus preencherá todo o coração, e nunca deixará de mover-se dentro dele. Esta é a razão pela qual aqueles em quem a vida interior perfeita está nascendo, oram quase que exclusivamente só com esta oração, incluindo-a inteiramente em suas regras de oração.
TEÓFAN, O RECLUSO
A brook that murmurs in the heart (p. 112)
As you begin to accustom yourself to praying as you should with prayers written by others, your own prayers and cries to God will well up in you. Never neglect these aspirations to God that manifest themselves in your soul. Every time that they arise, be still, and pray with your own words; nor think that in so praying you do harm to prayer itself. No: it is just in this way that you pray as you should, and this prayer ascends more quickly to God than any other. For this reason there is a rule applying to everyone: whether in church or at home, if your soul wishes to pray in its own and not in other men's words, give it freedom; let it pray, even if it prays thus during the whole service, or leaves undone its own rule of prayer at home and has not time to
fulfil it.
Both forms of prayer are pleasing to God—prayer recited attentively from prayer books and accompanied by suitable holy thoughts and feelings; and prayer without books and in your own words. Only perfunctory prayer is displeasing to Him, when someone reads the prayers at home or stands in church at the service without attending to the meaning of the words: the tongue reads or the ear listens, but the thoughts wander who knows where. There is no prayer here. But while both forms are pleasing to God, the prayer that is not read, but is your own, is nearer to the heart of the matter and much more fruitful.
It is not enough, however, just to wait for the desire to pray. To achieve spontaneous prayer, we must force ourselves to pray in a particular way—with the Jesus Prayer—not only during the church service and during prayer at home, but at all times. Men experienced in prayer, have chosen this one prayer, addressed to the Lord and Saviour, and have established rules for its performance, so that with its help we can acquire the habit of self-impelled or spontaneous prayer. These rules are simple. Stand with the mind in the heart before the Lord and pray to Him: ‘Lord Jesus Christ, Son of God, have mercy upon me.’ Do so at home before beginning prayers, in the intervals between prayers, and at the end of praying; do so in church, and all day long, so as to fill every moment of the day with prayer.
At first this saving prayer is usually a matter of strenuous effort and hard work. But if one concentrates on it with zeal, it will begin to flow of its own accord, like a brook that murmurs in the heart. This is a great blessing, and it is worth working hard to obtain it.
Those who with long endeavour have achieved success in this prayer prescribe a not very difficult exercise which will quickly enable us to master it. Before or after your rule of prayer, night and morning or during the day, consecrate a fixed period of time for the performance of this one prayer. Do it in this way. Sit down, or—better still—stand in a prayerful position, concentrate your attention in the heart before the Lord, in complete certainty that He is there and is listening to you, and call out to Him: 'Lord Jesus Christ, Son of God, have mercy upon me.' If you wish, accompany this with bows from the waist, or else with prostrations. Do this for a quarter or half hour—or more, or less—as it suits you. The more zealous your efforts, the more quickly will the prayer be grafted in your heart. It is best to begin this work with zeal, and not to cease until you have achieved what you wish, and this prayer starts to move of itself in your heart. After that you have only to maintain it in its course.
The warmth of heart or glow of spirit, about which we spoke before, is achieved in just this way. The more the Jesus Prayer penetrates into the heart, the warmer the heart becomes, and the more self-impelled becomes the prayer, so that the fire of spiritual life is kindled in the heart, and its burning becomes unceasing. At the same time the Jesus Prayer will fill the whole heart, and will never cease to move within it. That is why those in whom the perfect inner life is being brought to birth will pray almost exclusively with this prayer alone, making it comprise their entire rule of prayer.
THEOPHAN THE RECLUSE
O tesouro escondido da graça batismal
O dom que recebemos de Jesus Cristo no sagrado batismo não está destruído, mas somente escondido como um tesouro no chão. E tanto o bom senso como a gratidão exigem que se deva ter cuidado para desenterrar este tesouro e trazê-lo a luz. Isto pode ser feito de dois modos. O dom do batismo é revelado antes de tudo pelo meticuloso cumprimento dos mandamentos; quanto mais os colocamos em prática, mais claramente o dom brilha sobre nós em seu verdadeiro esplendor e brilho. Em segundo lugar, ele vem à luz e é revelado através da contínua invocação do Senhor Jesus, ou pela incessante lembrança de Deus, o que é uma única e mesma coisa. O primeiro método é poderoso, mas o segundo é ainda mais; tanto mais que mesmo a fidelidade aos mandamentos recebe sua plena força da oração. Por esta razão, se realmente desejamos desabrochar a semente da graça que está oculta em nós, devemos nos apressar a adquirir o hábito deste exercício do coração, e sempre praticar esta prece nele, sem qualquer imagem ou forma, até que ele aqueça nossa mente e incendeie nossa alma com um inexpressível amor por Deus e pelos homens.
S. GREGÓRIO DO SINAI
The buried treasure of baptismal grace (P. 115)
The gift which we have received from Jesus Christ in holy baptism is not destroyed, but is only buried as a treasure in the ground. And both common sense and gratitude demand that we should take good care to unearth this treasure and bring it to light. This can be done in two ways. The gift of baptism is revealed first of all by a painstaking fulfilment of the commandments; the more we carry these out, the more clearly the gift shines upon us in its true splendour and brilliance. Secondly, it comes to light and is revealed through the continual invocation of the Lord-Jesus, or by unceasing remembrance of God, which is one and the same thing. The first method is powerful but the second is more so; so much so that even fidelity to the commandments receives its full strength from prayer. For this reason, if we truly desire to bring to flower the seed of grace that is hidden within us, we should hasten to acquire the habit of this exercise of the heart, and always practise this prayer within it, without any image or form, until it warms our mind and inflames our soul with an inexpressible love towards God and men.
ST. GREGORY OF SINAI
Ceia em Emaús (Lucas xxiv. 13-35) – Rembrandt - 1648
Aja sempre com grande humildade. A necessidade de um guia espiritual
Esta oração é chamada de Oração de Jesus porque é endereçada ao Senhor Jesus, e como qualquer outra oração curta, em sua forma exterior, é verbal. Ela torna-se oração interior, e assim deve ser chamada, quando é ofertada não somente com palavras, mas com a mente e o coração, com sentimento e ciência do seu conteúdo; e especialmente quando através de prática prolongada e atenciosa, estiver tão fundida com os movimentos do espírito que só estes últimos são aparentes e as palavras parecem desvanecer-se. Toda oração curta pode elevar-se a este nível. A preferência é dada à Oração de Jesus porque ela une a alma com o Senhor Jesus: e Ele é a única porta de comunhão com Deus, que é a meta de toda prece. Ele próprio disse: “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (João xiv, 6) Portanto, quem quer que adquira esta prece ganha para si todas as riquezas da divina criação da Encarnação, onde reside nossa salvação. Ouvindo isto, você não ficará abismado por aqueles que em seu zelo pela salvação não pouparam esforços para ganhar o hábito desta prece, fazendo da sua força a deles próprios. Siga o exemplo deles.
O hábito da Oração de Jesus é externamente dominado quando as palavras começam, por elas mesmas, a se mover incessantemente na língua. Sua conquista interior envolve a indivisa atenção da mente no coração e constante permanência do ser, pleno, diante de Deus; acompanhado por vários graus de calor no coração, pela rejeição de todos os outros pensamentos, e, acima de tudo, por um contrito e humilde abrir-se ao Senhor e Salvador. Este estado espiritual é conquistado através da repetição da Prece tão frequentemente quanto possível, com nossa atenção firmemente estabelecida no coração. Através da perseverança nesta continua repetição, nós unificamos a mente de modo que ela permanece em plenitude diante de Deus. O estabelecimento de tal ordem dentro de nós mesmos é acompanhado pelo aquecimento do coração, e é seguido pela expulsão de todos os pensamentos, tanto os comuns e inofensivos como aqueles apaixonados. Quando a chama de nosso anseio por Deus começa a queimar incessantemente no coração, a ela se juntará uma sensação de paz interna na alma, como se a mente se aproximasse do Senhor em humildade e contrição
Nossos próprios esforços (sustentados pela graça de Deus) chegam somente até aí: qualquer prece superior a isto somente será um dom da graça. Os Santos Padres mencionam isto com o único propósito de mostrar àqueles que alcançaram o estágio que apenas descrevi; que eles não devem achar que nada mais têm a desejar, nem que possam imaginar que estão no verdadeiro cume da plenitude da prece ou da perfeição espiritual
Não se apresse com uma oração depois da outra, mas as diga com ordenada deliberação, como alguém que, naturalmente, se dirigisse a uma grande pessoa para pedir um favor. Também não preste atenção somente às palavras, mas, ao invés disso, permita que a mente esteja no coração, de pé diante do Senhor, com plena ciência da Sua presença, com plena consciência de Sua grandeza, graça e justiça.
Para evitar erros, tenha alguém para lhe aconselhar – um pai espiritual ou confessor, um irmão de mente similar; e faça-o saber de tudo que lhe acontece com o trabalho da prece. Por si mesmo, aja sempre com grande humildade e com a máxima simplicidade, não atribuindo nenhum sucesso a si mesmo. Saiba que o verdadeiro sucesso é conquistado dentro, inconscientemente, e acontece de modo tão imperceptível quanto o do crescimento do corpo humano. Desse modo, quando você ouvir uma voz interior dizendo: “Ah! É isto!” você deveria perceber que esta é a voz do inimigo, mostrando a você uma miragem ao invés da realidade. Este é o início do auto-engano. Abafe esta voz imediatamente, de outro modo ela ressoará em você como uma trombeta, inflando seu amor-próprio.
TEÓFAN, O RECLUSO
Act always in great humility. The need for a spiritual director
This prayer is called the Jesus Prayer because it is addressed to the Lord Jesus, and like every other short prayer, in its outward form it is verbal. It becomes inner prayer, and must be so called, when it is offered not only in words but with the mind and heart, with feeling and with awareness of its content; and especially when through long and attentive practice, it is so fused with the movements of the spirit that these last alone are apparent and the words seem to vanish. Every short prayer may rise to this level. Preference belongs to the Jesus Prayer because it unites the soul with the Lord Jesus: and He is the only door to communion with God, which is the aim of all prayer. He himself said: 'No man cometh unto the Father but by me* (John xiv. 6). Whoever, therefore, has acquired this prayer wins for himself the whole riches of the divine husbandry of the Incarnation, wherein lies our salvation. Hearing this, you will not be astonished at those who in their zeal for salvation spared no effort to gain the habit of this prayer, and made its strength their own. Follow their example.
The habit of the Jesus Prayer is outwardly mastered when the words begin by themselves to move incessantly on the tongue. Its inward achievement involves the undivided attention of the mind in the heart and constant standing of the whole being before God, accompanied by varying degrees of warmth of heart, by the casting off of all other thoughts, and above all by contrite and humble cleaving to the Lord and Saviour.
This spiritual state is achieved by repeating the Prayer as frequently as possible, with our attention firmly established in the heart. By persevering in this continual repetition we unify the mind so that it stands in wholeness before God. The establishment of such an order within ourselves is accompanied by the warming of the heart, and it is followed by the driving away of all thoughts, ordinary and harmless as well as passionate. When the flame of our longing for God begins to burn unceasingly in the heart, it will be joined by a sense of inward peace in the soul, as the mind draws near to the Lord in humility and contrition.
Our own efforts (supported by God's grace) reach only thus far: any prayer higher than this will be the gift of grace alone. The Holy Fathers mention this with the sole purpose of showing those who have reached the stage I have just described, that they should not think that they have nothing more to wish for, nor imagine that they stand on the very summit of prayerful or spiritual perfection.
Do not rush one prayer after another, but say them with orderly deliberation, as one would normally address a great person from whom one asked a favour. Yet do not just pay attention to the words, but rather let the mind be in the heart, standing before the Lord in full awareness of His presence, in full consciousness of His greatness and grace and justice.
For the avoidance of errors, have someone to advise you—a spiritual father or confessor, a brother of like mind; and make known to him all that happens to you in the work of prayer. For yourself, act always in great humility and with the utmost simplicity, not ascribing any success to yourself. Know that true success is achieved within, unconsciously, and happens as imperceptibly as the growth of the human body. Therefore when you hear an inner voice saying: ‘Ah! Here it is!’ you should realize that this is the voice of the enemy, showing you a mirage rather than the reality. This is the beginning of self-deception. Stifle this voice immediately, otherwise it will resound in you like a trumpet, inflating your self-esteem.
THEOPHAN THE RECLUSE
José, Filho de Jacó, acusado pela Esposa do Potifar (Gênesis Cap.39 7-23)- – Rembrandt - 1655
Nenhum progresso sem sofrimento
Deve ser percebido que o verdadeiro sinal do empenho espiritual e o preço do sucesso nele é o sofrimento. Aquele que prossegue sem sofrimento não colherá fruto. Dor do coração e esforço físico trazem à luz o dom do Espírito Santo, outorgado no sagrado batismo sobre todo crente, escondido pelas paixões através de nossa negligência em colocar em prática os mandamentos, e trazido uma vez mais à vida pelo arrependimento, através da indescritível misericórdia de Deus. Por causa do sofrimento que os acompanha, não cesse de fazer diligentes esforços para que você não seja condenado como infrutífero e ouça as palavras: ‘Tirai-lhe o talento que tem’ (Mateus xxv. 28). Cada luta no treinamento da alma, seja física ou mental, que não é acompanhada por sofrimento, que não exige o máximo esforço, não dará fruto. ‘O Reino dos Céus sofre violência, e os violentos o tomam pela força.’ (Mateus. xi. 12). Muitas pessoas trabalharam e continuam a trabalhar sem dor, mas por causa desta ausência elas são estranhas à pureza e afastadas da comunhão com o Espírito Santo, porque se desviaram da severidade do sofrimento. Aqueles que trabalham débeis e descuidadamente podem ir através de movimentos que pedem grandes esforços, mas não colhem nenhum fruto, porque não se submetem a nenhum sofrimento. De acordo com o profeta, a menos que nossos lombos sejam quebrados, enfraquecidos pelo labor do jejum, a menos que sejamos submetidos a uma agonia de contrição, a menos que se sofra como uma mulher no parto, não seremos bem sucedidos em dar nascimento ao espírito da salvação no solo de nosso coração.
TEÓFAN, O RECLUSO
No progress without suffering (p. 117)
It must be realized that the true sign of spiritual endeavour and the price of success in it is suffering. He who proceeds without suffering will bear no fruit. Pain of the heart and physical striving bring to light the gift of the Holy Spirit, bestowed in holy baptism upon every believer, buried in passions through our negligence in fulfilling the commandments, and brought once more to life by repentance, through the ineffable mercy of God. Do not, because of the suffering that accompanies them, cease to make painstaking efforts, lest you be condemned for fruitlessness and hear the words, ‘Take the talent from him’ (Matt. xxv. 28). Every struggle in the soul's training, whether physical or mental, that is not accompanied by suffering, that does not require the utmost effort, will bear no fruit. 'The kingdom of heaven suffereth violence, and the violent take it by force' (Matt. xi. 12). Many people have worked and continue to work without pain, but because of its absence they are strangers to purity and out of communion with the Holy Spirit, because they have turned aside from the severity of suffering. Those who work feebly and carelessly may go through the movements of making great efforts, but they harvest no fruit, because they undergo no suffering. According to the prophet, unless our loins are broken, weakened by the labour of fasting, unless we undergo an agony of contrition, unless we suffer like a woman in travail, we shall not succeed in bringing to birth the spirit of salvation in the ground of our heart.
THEOPHAN THE RECLUSE
Deus Sustentando o Cristo Crucificado – Holanda – Séc. XV
O outro lado do Jordão
A prática da Oração de Jesus culmina na obtenção da pura prece, que é coroada por impassibilidade ou perfeição Cristã – um dom de Deus, que Ele concede aos lutadores espirituais como Lhe agrada escolher.
S. Isaac, o Sírio diz: ‘O dom da pura prece não é concedido a muitos, mas somente a poucos. De uma geração para outra, raramente uma única pessoa alcança a realização do mistério em pura prece e, pela graça e pelo amor de Deus, alcança o outro lado do Jordão. ’
BISPO IGNATII
The other side of Jordan (p. 117)
The practice of the Jesus Prayer culminates in the attainment of pure prayer, which is crowned by passionlessness or Christian perfection—a gift of God, which He grants to such spiritual wrestlers as it pleases Him to choose.
St. Isaac the Syrian says: ‘Not many are granted the gift of pure prayer, but only the few. From one generation to another, there is scarcely a single person who attains to the mystery fulfilled in pure prayer and who, by the grace and love of God, reaches the other side of Jordan.’
BISHOP IGNATII
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