Quão frio é sem a graça!
Você vê quão frio é sem a graça, e quão desatenta e inerte é a alma em relação a qualquer coisa espiritual. Este é o estado dos bons pagãos, dos Judeus fiéis a Lei, e dos Cristãos que conduzem vidas inocentes, mas não pensam sobre as suas vidas interiores em relação a Deus. Mas também eles não sentem uma aflição como a tua, porque (diferente de você) eles nada sabem dos efeitos da graça. Desde que de vez em quando vem a sorte de experimentar uma espécie de consolo espiritual, não natural, dado de graça, eles permanecem em paz.
O que é que mantém a graça na alma mais do que qualquer outra coisa? Humildade. O que a afasta mais do que qualquer outra coisa? Sentimentos de orgulho, uma alta opinião sobre si mesmo, autoconfiança. A graça parte tão logo ela sente este mal cheiro de orgulho interior.
As razões da nossa frieza.
Nós resfriamos internamente quando nosso coração está distraído, quando ele fende por algo diferente de Deus, preocupando-se sobre diferentes assuntos, ficando com raiva e culpando alguém – quando estamos descontentes e nos entregamos à carne, chafurdando na luxúria e nos pensamentos errantes. Proteja-se contra essas coisas, e o frio diminuirá.
Quanto ao coração – onde mais está a vida se não no coração?
Nem auto-indulgência e nem auto-piedade.
Você diz que não é bem sucedido. De fato, não haverá sucesso enquanto você estiver cheio de auto-indulgência e auto-piedade. Estas duas coisas mostram, de uma só vez, que aquilo que é predominante em seu coração é ‘Eu’ e não o Senhor. É o pecado do amor próprio, vivendo dentro de nós, que dá nascimento a todos os nossos pecados, tornando o inteiro homem um pecador da cabeça aos pés; tanto quanto permitimos que o amor próprio habite nossa alma. E quando o inteiro homem é um pecador, como pode a graça vir até ele? Não virá, do mesmo modo que uma abelha não chega onde há fumaça.
Há dois elementos na decisão de trabalhar para o Senhor: primeiramente um homem deve negar ele próprio, e em segundo lugar ele deve seguir Cristo (Marcos, 8,34). O primeiro requer uma completa extinção de egoísmo e amor-próprio, e conseqüentemente uma recusa em permitir qualquer auto-indulgência ou auto-piedade – tanto em pequenos como em grandes assuntos.
Theophan, o Recluso.
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